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sábado, 29 de agosto de 2020

UM CONTATO DE TERCEIRO GRAU NÃO COM ETS MAS COM COM OS NOSSOS ANCESTRAIS QUE SOBREVIVEM (POR ENQUANTO)

A extraordinária visita de índios isolados a uma aldeia remota no Acre: dez deles se aproximaram amigavelmente e conviveram durante horas com os seus anfitriões, algo que foi uma surpresa para muitos dos estudiosos de comportamento social e humano: nós é que somos violentos


Eles sobrevivem bem quanto isolados da gente...


Povos indígenas isolados do lado de cima do rio Humaitá, nos informa Naiara Galarraga Cortazar (através dum e-mail que nos enviou o cineasta e produtor cultural Barros Freire), estes índios vieram dum povoado bem remoto, de uma aldeia que foi fotografada em 2016 do alto de um helicóptero, algo que a gente noticiou na época aqui no blog Folha Verde News. A seguir um resumo da reportagem do site El Pais, fazendo uma série de matérias sobre os povos indígenas brasileiros nestes dias. Quase ninguém no mundo sabe alguma coisa sobre eles que nem têm um nome próprio de sua tribo. Os estudiosos os chamam índios isolados, vivem no alto do curso do rio Humaitá. Habitam um dos lugares mais remotos do planeta e até agora esse grupo de indígenas brasileiros preferiu ficar sozinho, sem contato com outros povos ou com brancos. Mas há algumas semanas um deles chegou à aldeia Terra Nova, na Amazônia. A coisa mais extraordinária aconteceu no dia seguinte. O visitante não apenas se aproximou dos moradores da aldeia, mas também passou a noite na casa de um deles. Sabemos disso porque os anfitriões também são de origem indígena,  são de outro grupo, falam uma língua diferente. O cacique local, Cazuza Kulina, relatou a visita em uma notícia do portal G1. “Demos a ele roupas, cobertores, utensílios, mandioca, banana... dormiu na casa do meu genro”, explicou este indígena da etnia Kulina Madiha. Quando se levantaram, o visitante havia desaparecido. “Ele pegou tudo e foi embora de magrugada, nem o vimos sair”. 


Aldeia da etnia Kulina Maduha foi visitada pelo índios isolados 


No dia seguinte, alguns pescadores da aldeia tiveram uma grande surpresa ao se depararem com mais de uma dezena de brabos, que é como os indígenas chamam esses vizinhos que até agora preferiam viver sem contato com estranhos. Estavam procurando aquele que veio antes. “Eram mulheres, crianças, homens adultos... Depois foram pelo rio até sua aldeia”, disse o cacique. Levaram mais objetos, incluindo garrafas e pedaços de vidro que usam para cortar os cabelos: “Vivem isolados a cerca de quatro horas daqui, são gente boa, não mexem com a gente, estavam todos desarmados e nus".  Estes visitantes pertencem a um grupo de que se tinha notícia desde 2016, quando foram descobertos durante um voo sobre esta região do Acre, na fronteira com o Peru. Atacaram a aeronave com flechas. O fotógrafo Ricardo Stuckert há 4 anos sobrevoava essa região do estado do Acre, na fronteira com o Peru, quando inesperadamente avistou alguns deles e conseguiu fotografá-los do helicóptero. Aventurar-se a entrar em contato implica sempre um enorme risco para os poucos indígenas que ainda vivem como seus ancestrais quando os portugueses conquistaram o Brasil há cinco séculos.O inesperado contato aconteceu em plena pandemia do Coronavírus (atingindo intensamente a Amazônia), um dos moradores da aldeia teve sintomas de resfriado, o que alarmou especialistas: se estivesse infectado, todo o grupo correria o risco de ser dizimado.


Eles vivem como nossos ancestrais antes de 1500


O Brasil tem 115 povos isolados contabilizados, é reconhecido a eles por lei o direito de viver sem contato com outros. Nas últimas décadas, as autoridades só conseguiram confirmar a existência de cerca de trinta dessas comunidades; do resto só têm notícias. Nos últimos anos, coletaram informações sobre eles sem forçar o contato. Mas isso pode mudar à medida que o atual Governo desmantela as instituições que protegem os povos indígenas e o meio ambiente. O desprezo do atual Governo pela questão indígena é tal que colocou um policial à frente da Funai, a fundação criada para protegê-los, e um pastor (que procura evangelizar indígenas no Brasil mais remoto) à frente do departamento dos grupos isolados. O indigenista Carlos Travassos, que foi coordenador de indígenas isolados e de recente contato da Funai, nos explicou por telefone a relevância da recente interação entre visitantes e anfitriões na aldeia do Acre: “Esses povos têm uma relação de vizinhança, eles se veem na floresta, os isolados se aproximam da aldeia, observam com curiosidade e às vezes pegam alguma ferramenta, roupas, uma corda, um facão…”. Esse é o padrão, mas desta vez o roteiro mudou. “Porque o primeiro a chegar estabeleceu um contato amistoso, ficou para comer com eles, comeram mandioca”. Depois chegou o resto e, concluída a visita, “foram embora com muitos presentes” para sua aldeia. O especialista diz que esse povo sem nome, às vezes conhecido como Cabeludos, vive em enormes ocas comunitárias e cultiva exuberantes lavouras de algodão, batata-doce e banana. Desta vez a interação terminou pacificamente. Nem sempre é assim. Fugir ou atacar geralmente são as respostas mais comuns dos isolados às tentativas de entrar em contato com eles.


Carlos Travassos é quem melhor conhece este índios


(Confira na seção de comentários aqui do blog Folha Verde News mais informações de Carlos Travassos, o maior conhecedor no Brasil de índios isolados: já postamos dois videos nesta edição, um deles vídeo de Moacir Silveira (que é de Uberaba, MG) com pesquisa da cantora Marluí Miranda, o outro, Música Tribal indígena mostrada pelo grupo Mawaca (liderado pela musicista Magda Pucci), com imagens de Dany Matos)


Quando se sentem ameaçados, ficam agressivos


A primeira fotos deles foi feita por Ricardo Stuckert



Fontes: El Pais - G1 da Globo - folhaverdenews.blogspot.com


5 comentários:

  1. "A gente precisa reclamar da falta de presteza com que a Funai encarou a questão, ainda mais com a suspeita de que um dos moradores da aldeia estava com gripe. Ela deveria ter enviado 48 horas à aldeia uma equipe com profissionais de saúde para submetê-los a observação clínica e intérpretes para saber de suas intenções, falar com o cacique que os recebeu e ver se deixaram objetos": comentário de Carlos Travassos, profundo conhecedor dos povos isolados.

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  2. “Essa omissão é contrária a todas as regulamentações do departamento de isolados”, comentou ainda CarlosTravassos. Quando o jornal O Globo ligou para a aldeia Terra Nova, disseram que uma semana depois da extraordinária visita nenhum enviado da Funai havia chegado até lá.

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  3. Depois mais tarde aqui nesta seção mais dados, informações, comentários e mensagens, venha conferir depois, OK?

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  4. Você pode postar a sua opinião direto aqui, se preferir, envie e-mail pro editor deste blog padinhafranca603@gmail.com que mais tarde vamos divulgar todo o material.

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  5. "Vamos fazer um protesto aqui no Xingu mas como um ritual": comentário de Isaac Xavante, no Facebook e mandando mensagem ao nosso editor.

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