A desertificação poderá inviabilizar a agricultura em um terço das terras do mundo onde a escassez de água ou o desmatamento e todos os processos de destruição da ecologia ameaçam a própria vida
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Já sofremos em 3 regiões desertificação no Brasil |
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Cientistas de vários países alertam através da ONU para o "avanço" dos desertos |
2020 marca o final de uma década que deveria ter sido de luta e busca de soluções sustentáveis para este problema, mas o alerta da ONU não sensibilizou governos dos países e hoje um terço das terras
do planeta está degradada e poderá em breve se tornar inútil para o cultivo.
É com essa constatação alarmante que terminou na Índia,
a 14ª Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas sobre Combate
à Desertificação (UNCCD). A matéria que reúne as principais informações dos cientistas envolvidos neste evento foi feita por Sébastien Farcis, corresponde da RFI e a gente resume aqui no blog da ecologia e da cidadania estas conclusões. O continente mais atingido é o africano, onde dois
terços das terras estão secos, mas o problema já se tornou mundial e no Brasil não existem ainda medidas ou programas para realmente combater e erradicar este problema que está chegando a uma situação limite em algumas regiões do nosso país.
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Já há um mapa do deserto brasileiro |
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País com muita natureza e muitos recursos hídricos o Brasil sofre com a falta quase total de gestão ambiental |
A desertificação é
um dos processos mais graves de degradação do solo, ocorre nas regiões áridas, semiáridas ou subúmidas e secas do planeta, conforme a
definição das Nações Unidas. O primeiro motivo que leva a desertificação
é o desmatamento. A retirada da cobertura vegetal deixa a terra exposta ao sol
e agrava a situação. O solo fica rapidamente arenoso ou rochoso. Sem nutrientes
e sem água, é quase impossível que novos seres vivos se estabeleçam. A segunda causa é a
exploração exagerada dos solos pela agricultura intensiva e a utilização
abusiva de fertilizantes químicos, que deterioram a qualidade das terras e as
tornam tóxicas. Isso agrava ainda mais os efeitos da mudança climática e a diminuição de
precipitações como também a alteração das estações do ano que impede o cultivo de
plantações ancestrais e o fim de áreas que ram de clima temperado. A formação de desertos hoje já é um fenômeno em escala mundial.
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A arenização no Rio Grande do Sul é um dos focos da formação de desertos no Brasil |
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Recordista em desmatamento o Cerrado apesar de ser um berço de águas também já sofre o problema |
As consequências já começam a ser catastróficas. Em países como o Malaui ou a Tanzânia, o custo anual
desta degradação dos solos representa, respectivamente, o equivalente a 10% e
15% do PIB. A África é o continente mais vulnerável por causa de seu clima
árido e dois terços de suas terras já estão ameaçados. Mas o fenômeno hoje é
mundial. Ele acontece em mais de um terço das terras dos Estados Unidos, em
um quarto da América Latina (incluindo o Brasil) e em um quinto da Espanha, um país onde a falta de
água e a agricultura intensiva secaram as terras. Portugal é um dos países europeus hoje mais ameaçados. Na Índia, um terço
das terras está degradada e essa desertificação está se expandindo:
145 mil hectares são atingidos a cada ano. Em todo o mundo agricultores que não
podem mais viver do plantio são obrigados a deixar suas casas. A ONU acredita
que a desertificação poderá levar à migração de 50 a 700 milhões de pessoas
até 2050, refugiados do clima.
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Refugiados da desertificação e do clima... |
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...estão surgindo em todos os lados do planeta |
No Brasil, de
acordo com estimativas do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens e
Satélites (Lapis), ligado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), 12,85% do
semiárido brasileiro enfrenta o processo de desertificação. O estudo mostra que
o fenômeno da desertificação só se intensificou no semiárido brasileiro nos
últimos 10 anos apesar de todos os alertas do cientistas e dos ecologistas.
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Uma década de alertas sobre a desertificação chega ao fim em 2020 sem quase nenhuma solução |
O IPCC, painel intergovernamental de mudanças do clima, integrado por centenas de cientistas de todos os continentes, em relatório
divulgado no início de agosto agora, por exemplo, informa de que 50% da caatinga passa por alguma forma
de degradação, inclusive a desertificação. Cerca de 8%
do território do Brasil enfrenta algum tipo de degradação, sendo a caatinga o
bioma menos preservado.
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Na caatinga isto já é um drama crônico... |
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...e se busca água como o maior tesouro da vida |
Durante duas
semanas, os representantes de 196 países e entidades especializadas discutiram e trocaram informações sobre como estão lutando ou como deveria se intensificar agora a luta para conter o processo da desertificação. Um dos desafios é que cada problema é único e as soluções dependem de características de cada
local, do clima, da topografia e do cultivo praticado em cada região do planeta. Um dos ciclos de estudo foi dedicado ao combate contra tempestades de areia. Um outro, utilizado
para debater sobre as novas soluções sustentáveis, a bem da ecologia e da economia proporcionadas pela ciência. O objetivo final da conferência foi estabelecer metas para que líderes mundiais se comprometam a lutar contra o
desmatamento e que promovam novas ações para o reflorestamento. A Índia, país
organizador do evento, anunciou que irá reabilitar 5 milhões de
hectares até 2030. O Brasil até agora não informou quais são as metas por aqui para diminuir o problema crescente em regiões como Nordeste do país ou Norte de Minas Gerais e até no Sul já se manifestam focos de arenização que é como se apresenta nos Pampas este processo de morte dos solos ou escassez de água e de chuvas. O pior de tudo é o deserto de homens e de governos por todos os lados e em todas as formas de desgoverno ambiental.
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Por aqui no Nordeste Paulista a erosão cresce e sinaliza a chegada deste problema |
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A desertificação já tem um alcance mundial |
(Logo mais, mais informações na seção de comentários deste blog de ecologia e de cidadania, confira também o vídeo postado hoje por aqui, extraído dum Globo Repórter realizado dentro deste movimento urgente contra a crescente desertificação)
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Somente uma gestão ambiental sustentável pode... |
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...recuperar a ecologia perdida e brecar a desertificação |
Fontes: br.rfi.fr - nacoesunidas.org
folhaverdenews.blogspot.com
"O norte da Índia sofre com ondas de calor e temperaturas que chegaram a ultrapassar 50°C. Em Ajmer, a água de um lago se evaporou em junho deste ano": comentário de Sébastien Farcis, correspondente da RFI na Índia que cobriu o evento da ONU sobre desertificação.
ResponderExcluirSegundo a auditoria do Tribunal de Contas, o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação falhou. Não houve acompanhamento de medidas, as estruturas de governação “revelaram-se ineficazes” e faltaram “meios humanos”.
ResponderExcluirPara o Tribunal de Contas, o programa de ação de combate à desertificação não é um verdadeiro programa de ação. Na auditoria publicada nesta terça-feira conclui-se que o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD), traçado em 2014, não cumpriu a sua finalidade. Apesar de considerarem o seu diagnóstico de partida “adequado”, os auditores da instituição defendem que este “não identificou as concretas ações a desenvolver, as entidades e as áreas de governação responsáveis pela sua execução, o respetivo calendário, o custo envolvido e a articulação com os programas/fundos suscetíveis de financiar as ações necessárias”. Por isso não teve “uma verdadeira natureza de programa ou plano de ação”.
ResponderExcluirEssa inação não é um problema só do Brasil. Portugal já se comprometeu a alcançar em 2030 a neutralidade da degradação do solo no âmbito da Agenda 2030 da ONU, só que “não foram porém ainda definidas estratégias ou medidas nacionais para cumprimento dessa meta, o que aponta para um risco significativo de não cumprimento do referido compromisso”.
ResponderExcluirDe acordo com o “Atlas Mundial da Desertificação” da Comissão Europeia, elaborado em 2018, os países do sul da Europa perderam até 2100 entre 1,8% e 3% do seu PIB devido às alterações climáticas.
ResponderExcluirMais tarde, por aqui nesta seção, mais informações e dados, aguarde e volte a acessar novos comentários depois.
ResponderExcluirVocê pode postar aqui sua opinião sobre este problema (como já fez o técnico agrícola Humberto Santos, veja a seguir): se preferir, envie sua mensagem pro e-mail do editor deste blog que aí a gente posta aqui seu conteúdo, mande então o e-mail para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Há algumas medidas práticas simples e também outras mais complexas e caras ou de longo prazo, de toda maneira, alguma coisa precisa ser feita desde já, antes que o processo para conter a erosão, a desertificação e a escassez de água atinja um custo monstruoso e algumas regiões virem fantasmas": comentário de Humberto Santos, técnico agrícola formado pela USP que atua na região de Americana (SP).
ResponderExcluirSegundo estudos do IPCC, 40% da superfície terrestre está ameaçada por este problema, de alguma forma já afeta 2,5 bilhões de pessoas e então é hora mais que de alerta, de gestão ambiental urgente para atenuar a crescente desertificação em várias regiões do planeta e também por aqui em nosso país.
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