Sem ciência o nosso futuro está comprometido: é o que argumenta Fernanda Sobral pesquisadora e conselheira da SBPC: não é de hoje que este setor sofre com falta de recursos e de investimentos mas hoje em dia este erro de gestão está chegando a uma situação limite
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O impacto dos cortes é maior do que a mídia já avaliou |
O impacto dos cortes orçamentários para
a pesquisa brasileira é avaliado em matérias no site socioambiental EcoDebate, bem como debatido em organizações como Fundação Oswaldo Cruz ou também pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A SBPC, em
articulação com outras entidades científicas e acadêmicas nacionais, realizou
essa semana manifestações em várias cidades do país contra os cortes
orçamentários para as áreas de educação e ciência e tecnologia anunciados pelo
governo federal. Esta agenda crítica incluiu um ato no Congresso Nacional em Brasília em que foi
lançada a Iniciativa de C&T no Parlamento, movimento reunindo entidades
científicas, instituições de pesquisa e associações do campo acadêmico para
buscar interlocução no legislativo e avançar em pautas que as entidades
consideram prioritárias para reverter o processo de "desfinanciamento" da área de
ciência e tecnologia, processo que se aprofundou drasticamente em 2019, com o
corte de 42% do orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC), anunciado desde o final de março, somado ao bloqueio orçamentário
imposto às universidades e institutos federais agora nestes dias. "Estas medidas ameaçam inviabilizar a produção científica no país que em sua maior parte é realizada em instituições públicas", explicou Fernanda Sobral. A seguir um resumo aqui no blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News a agenda dos pesquisadores junto ao Congresso Nacional, bem como, do impacto dos cortes governamentais no setor que realmente é fundamental para o Brasil.
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A situação trava vários setores estratégicos de todo o país comunica esta charge sobre este problema |
Há poucos dias foram canceladas as bolsas de
iniciação científica aprovadas no edital universal do CNPq [Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, vinculado ao MCTIC]. Esse edital
universal é justamente aquele no qual os pesquisadores, digamos, emergentes,
têm mais condição de ganhar recursos para pesquisa. É uma tragédia. Os mais de
100 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (programa de formação de redes
de pesquisa, a partir da articulação entre diversos grupos de uma
mesma área, aprovados só receberam o mínimo de recursos até agora). Você pode imaginar a importância que têm esses institutos para o avanço da ciência. Há
vários na área de saúde, superimportantes; na área de ciências humanas, por
exemplo, que é onde atua Fernanda Sobral. Ela cita o caso de dez aprovados; alguns sobre segurança pública na realidade das metrópoles, sem condições de serem levados em frente. Isso exemplifica uma série de questões, pesquisas e avanços muito
importantes para o desenvolvimento do país e que estão esperando recursos. A
situação do CNPq é hoje, numa palavra, difícil, pois só vai ter recursos até setembro. E a Capes
acaba de cancelar as bolsas que não estavam em uso pela pós-graduação. Na prática, o que acontece é que muitas pesquisas não paralisam
totalmente, mas ficam engatinhando, andando muito devagar. Já está havendo
uma redução na produção científica. Existem vários dados que mostram como a
nossa produção de artigos está paralisada. Ela vinha em uma trajetória
ascendente e já está paralisada ou baixando. Os problemas afetam principalmente os recursos para bolsas de pesquisa e as verbas para
auxílio à pesquisa. O auxílio à pesquisa diz respeito, por exemplo, a
infraestrutura, laboratórios, compra de equipamentos dos laboratórios, compra
de reagentes para pesquisas biológicas. Sem recursos fica tudo parado. É um
cenário, na visão da cientista social Fernanda Sobral, desafiador. Triste demais para todo o país.
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Na área da saúde pública poderá haver com os cortes um caos |
Pauta dos pesquisadores no Congresso - Os pontos que serão defendidos por essa iniciativa junto aos parlamentares diz respeito principalmente à recomposição do orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação. E há também alguns projetos de lei prioritários nesse momento, como o PL 315/2017, que transforma o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT, em um fundo financeiro. Isso é importante porque, transformando em fundo financeiro, não se pode bloquear. Esse é um ponto superimportante para melhorar um pouco a situação do orçamento da ciência e tecnologia. Outra coisa que cientistas e pesquisadores estão demandando é a aprovação de um PL na Câmara destinando 25% do fundo social do pré-sal à área de Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como a derrubada dos vetos à lei dos fundos patrimoniais (lei 13.800/2019, sancionada em janeiro, com o objetivo de regulamentar fundos para arrecadar, gerir e destinar doações de pessoas físicas e jurídicas privadas para programas, projetos e outras finalidades de interesse público). É superimportante fluir mais recursos e mais investimentos para essa área, que em síntese, obtém soluções sustentáveis para os problemas brasileiros e define como conseguiremos mudar e avançar para o futuro do Brasil e da vida.
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Jovens pesquisadores não têm perspectiva... |
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...de continuar trabalhos e haverá evasão de talentos |
(Confira na seção de comentários aqui no blog da gente outras informações, mensagens e opiniões. Por sinal, LE MONDE está divulgando manifesto de mais de mil acadêmicos de todo o mundo contra a eventual redução de recursos para as faculdades de Filosofia e Sociologia ou cortes para pesquisas no Brasil.Um outro manifesto com mais de 15 mil assinaturas, daqui e de vários países, ressalta o valor da ciência (também das ciências humanas) para o avanço do país e do ser humano. Enfim, os pesquisadores brasileiros não estão sozinhos em sua luta que interessa também à toda população, em especial, aos que sofrem mais problemas na sua condição de vida)
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Na área social você sabe quem serão os mais prejudicados com cortes em ciência, educação e cultura |
Fontes: EcoDebate - FioCruz - SBPC - Google
folhaverdenews.blogspot.com
Com base em matéria do site nacional de temas socioambientais EcoDebate e também em dados da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e debates da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), além de imagens do Google, hoje aqui no blog um resumo do que acontece com os cortes do governo em verbas públicas para pesquisa, ciência, educação e cultura.
ResponderExcluir"A ciência e a tecnologia estão sendo inviabilizadas de duas formas: pelo contingenciamento de 42% do orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia, que afeta diretamente o CNPq e a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos], e por outro lado pelo contingenciamento nas universidades federais, porque são elas, sobretudo, que desenvolvem pesquisa": comentário de Fernanda Sobral, pesquisadora e dirigente da SBPC.
ResponderExcluir"Já estava tendo problemas de recursos para o CNPq e para a Finep, e com isso há uma dificuldade para que esses órgãos possam cumprir suas funções. O CNPq é mais voltado para o apoio à pesquisa e ao pesquisador, e a Finep sobretudo à pesquisa e à inovação. Isso já trouxe grandes problemas para o desenvolvimento da pesquisa. Agora, se você corta também em torno de 30% das universidades federais, que são aquelas que fazem a maior parte da pesquisa e que produzem ciência no Brasil, vai ser ainda pior. Há algumas universidades privadas muito boas, que também fazem pesquisa e estudos, sobretudo as católicas, como a PUC, mas a imensa maioria da pesquisa é desenvolvida nas universidades públicas. Mais de 90% da produção científica no Brasil é proveniente das universidades públicas, sobretudo as federais. Um corte de 30% no seu orçamento vai inviabilizar não só a pesquisa, mas a própria universidade, que já anda mal das pernas. Esse corte vai afetar fornecimento de luz, de água, compra de equipamento, tudo": comentário também de Fernanda Sobral em entrevista ao EcoDebate.
ResponderExcluirA SBPC, junto com a ABC [Academia Brasileira de Ciências] e outras entidades está organizando um movimento chamado ‘Ciência Ocupa Brasília’. E é uma ocupação, sobretudo, do parlamento. Então, já houve uma audiência pública com o ministro Marcos Pontes, na comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, e depois o lançamento do que está se chamando de ‘Iniciativa para Ciência e Tecnologia no Parlamento’, que reúne vários parlamentares de vários partidos e também várias sociedades, associações e entidades do campo científico.
ResponderExcluir"A SBPC também se posicionou contra a ameaça do MEC de cortes e investimentos federais em cursos de sociologia e de filosofia. A SBPC agrega todas as ciências. Ela luta pela educação, pela ciência, tecnologia, inovação em todas as áreas. As ciências humanas, como no caso da sociologia e filosofia, que ficaram mais no foco agora, têm muita importância nos mais variados campos. Se fala muito que a sociologia é ideologia. Não, ela é baseada em evidências. Quando a gente fala em desigualdade é porque há dados que indicam a desigualdade. Essas disciplinas dão subsídios para as políticas públicas. A gente tem muito resultado de pesquisa nessas áreas que foram absorvidas por políticas culturais, por políticas educacionais, por políticas de segurança pública, por políticas de saúde, etc. Isso é um fato. E segundo é que elas formam pessoal para gerir os serviços públicos. Terceiro: elas contribuem também para uma reflexão crítica da sociedade, gerando avanços no país": comentário também da cientista social Fernanda Sobral.
ResponderExcluir"Nós não vamos ter desenvolvimento sustentável sem ciência e tecnologia. Aconteceram dois fatos aqui em Brasília nas últimas semanas que mostram como a ciência é importante. Uma mulher foi queimada com ácido sulfúrico, e os médicos aqui do centro de recuperação de queimados conseguiram recuperar parte da pele dela, por meio de enxertos. Isso é um avanço da ciência. Outra: duas meninas siamesas que nasceram aqui foram separadas por meio de uma cirurgia em um hospital aqui de Brasília e passam bem, veio gente do exterior para participar do procedimento. Isso é um avanço da ciência, e que seria impossível sem investimento em produção científica. Se você não dá dinheiro para pós-graduação não forma gente, não há atividade de pesquisa para avançar nessas questões. Sem ciência o futuro está completamente comprometido. Em uma casa, se você não tem dinheiro para fazer o segundo andar, você vive no primeiro numa boa, talvez com menos conforto, e daqui a dez anos pode fazer o segundo andar. Com a ciência não é assim. Se você para de produzir ciência por cinco, dez anos, o retrocesso é enorme. É o risco que está acontecendo": comentário também de Fernanda Sobral, SBPC.
ResponderExcluirVocê pode por direto aqui sua opinião ou se preferir ou precisar envie pro e-mail do nosso blog que a gente posta aqui nesta seção. Vídeos, fotos, conteúdos, críticas, denúncias, sugestões, mande para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Tenho uma filha que está terminando Biologia na USP e pretende se dedicar à pesquisa e ao ensino universitário, ela diante da situação já tem feito contatos com colegas que hoje estão atuando no exterior, muita gente irá embora": comentário de Antenor Soares, de Santos (SP).
ResponderExcluir"Os que sofrem mais na população em sua condição de vida são os que mais precisam da ciência, da educação, das pesquisas de soluções sustentáveis para os problemas brasileiros": comentário também de Antenor Soares, que de Santos nos envia notícia sobre falta de equipamentos em hospitais públicos na Baixada Santista.
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