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terça-feira, 14 de maio de 2019

CORTES GOVERNAMENTAIS EM PESQUISA E EM CIÊNCIA OU EM EDUCAÇÃO E CULTURA COMPROMETEM O FUTURO DA POPULAÇÃO E DA VIDA NO BRASIL

Sem ciência o nosso futuro está comprometido: é o que argumenta Fernanda Sobral pesquisadora e conselheira da SBPC: não é de hoje que este setor sofre com falta de recursos e de investimentos mas hoje em dia este erro de gestão está chegando a uma situação limite



O impacto dos cortes é maior do que a mídia já avaliou


O impacto dos cortes orçamentários para a pesquisa brasileira é avaliado em matérias no site socioambiental EcoDebate, bem como debatido em organizações como Fundação Oswaldo Cruz ou também pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A SBPCem articulação com outras entidades científicas e acadêmicas nacionais, realizou essa semana manifestações em várias cidades do país contra os cortes orçamentários para as áreas de educação e ciência e tecnologia anunciados pelo governo federal. Esta agenda crítica incluiu um ato no Congresso Nacional em Brasília em que foi lançada a Iniciativa de C&T no Parlamento, movimento reunindo entidades científicas, instituições de pesquisa e associações do campo acadêmico para buscar interlocução no legislativo e avançar em pautas que as entidades consideram prioritárias para reverter o processo de "desfinanciamento" da área de ciência e tecnologia, processo que se aprofundou drasticamente em 2019, com o corte de 42% do orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), anunciado  desde o final de março, somado ao bloqueio orçamentário imposto às universidades e institutos federais  agora nestes dias. "Estas medidas ameaçam inviabilizar a produção científica no país que em sua maior parte é realizada em instituições públicas", explicou Fernanda Sobral. A seguir um resumo aqui no blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News a agenda dos pesquisadores junto ao Congresso Nacional, bem como, do impacto dos cortes governamentais no setor que realmente é fundamental para o Brasil. 


A situação trava vários setores estratégicos de todo o país comunica esta charge sobre este problema


Há poucos dias foram canceladas as bolsas de iniciação científica aprovadas no edital universal do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, vinculado ao MCTIC]. Esse edital universal é justamente aquele no qual os pesquisadores, digamos, emergentes, têm mais condição de ganhar recursos para pesquisa. É uma tragédia. Os mais de 100 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (programa de formação de redes de pesquisa, a partir da articulação entre diversos grupos de uma mesma área, aprovados só receberam o mínimo de recursos até agora). Você pode imaginar a importância que têm esses institutos para o avanço da ciência. Há vários na área de saúde, superimportantes; na área de ciências humanas, por exemplo, que é onde atua Fernanda Sobral. Ela cita o caso de  dez aprovados; alguns sobre segurança pública  na realidade das metrópoles, sem condições de serem levados em frente. Isso exemplifica uma série de questões, pesquisas e avanços muito importantes para o desenvolvimento do país e que estão esperando recursos. A situação do CNPq é hoje, numa palavra, difícil, pois só vai ter recursos até setembro. E a Capes acaba de cancelar as bolsas que não estavam em uso pela pós-graduação. Na prática, o que acontece é que muitas pesquisas não paralisam totalmente, mas ficam engatinhando, andando muito devagar. Já está havendo uma redução na produção científica. Existem vários dados que mostram como a nossa produção de artigos está paralisada. Ela vinha em uma trajetória ascendente e já está paralisada ou baixando. Os problemas afetam principalmente os recursos para bolsas de pesquisa e as verbas para auxílio à pesquisa. O auxílio à pesquisa diz respeito, por exemplo, a infraestrutura, laboratórios, compra de equipamentos dos laboratórios, compra de reagentes para pesquisas biológicas. Sem recursos fica tudo parado. É um cenário, na visão da cientista social Fernanda Sobral, desafiador. Triste demais para todo o país. 




Na área da saúde pública poderá haver com os cortes um caos




Pauta dos pesquisadores no Congresso Os pontos que serão defendidos por essa iniciativa junto aos parlamentares diz respeito principalmente à recomposição do orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação. E há também alguns projetos de lei prioritários nesse momento, como o PL 315/2017, que transforma o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT, em um fundo financeiro. Isso é importante porque, transformando em fundo financeiro, não se pode bloquear. Esse é um ponto superimportante para melhorar um pouco a situação do orçamento da ciência e tecnologia. Outra coisa que cientistas e pesquisadores estão demandando é a aprovação de um PL na Câmara destinando 25% do fundo social do pré-sal à área de Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como a derrubada dos vetos à lei dos fundos patrimoniais (lei 13.800/2019, sancionada em janeiro, com o objetivo de regulamentar fundos para arrecadar, gerir e destinar doações de pessoas físicas e jurídicas privadas para programas, projetos e outras finalidades de interesse público). É superimportante fluir mais recursos e mais investimentos para essa área, que em síntese, obtém soluções sustentáveis para os problemas brasileiros e define como conseguiremos mudar e avançar para o futuro do Brasil e da vida. 



Jovens pesquisadores não têm perspectiva...
...de continuar trabalhos e haverá evasão de talentos



(Confira na seção de comentários aqui no blog da gente outras informações, mensagens e opiniões. Por sinal, 
 LE MONDE está divulgando manifesto de mais de mil acadêmicos de todo o mundo contra a eventual redução de recursos para as faculdades de Filosofia e Sociologia ou cortes para pesquisas no Brasil.Um outro manifesto com mais de 15 mil assinaturas, daqui e de vários países, ressalta o valor da ciência (também das ciências humanas) para o avanço do país e do ser humano. Enfim, os pesquisadores brasileiros não estão sozinhos em sua luta que interessa também à toda população, em especial, aos que sofrem mais problemas na sua condição de vida)




Na área social você sabe quem serão os mais prejudicados com cortes em ciência, educação e cultura




Fontes: EcoDebate - FioCruz - SBPC - Google
               folhaverdenews.blogspot.com


9 comentários:

  1. Com base em matéria do site nacional de temas socioambientais EcoDebate e também em dados da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e debates da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), além de imagens do Google, hoje aqui no blog um resumo do que acontece com os cortes do governo em verbas públicas para pesquisa, ciência, educação e cultura.

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  2. "A ciência e a tecnologia estão sendo inviabilizadas de duas formas: pelo contingenciamento de 42% do orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia, que afeta diretamente o CNPq e a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos], e por outro lado pelo contingenciamento nas universidades federais, porque são elas, sobretudo, que desenvolvem pesquisa": comentário de Fernanda Sobral, pesquisadora e dirigente da SBPC.

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  3. "Já estava tendo problemas de recursos para o CNPq e para a Finep, e com isso há uma dificuldade para que esses órgãos possam cumprir suas funções. O CNPq é mais voltado para o apoio à pesquisa e ao pesquisador, e a Finep sobretudo à pesquisa e à inovação. Isso já trouxe grandes problemas para o desenvolvimento da pesquisa. Agora, se você corta também em torno de 30% das universidades federais, que são aquelas que fazem a maior parte da pesquisa e que produzem ciência no Brasil, vai ser ainda pior. Há algumas universidades privadas muito boas, que também fazem pesquisa e estudos, sobretudo as católicas, como a PUC, mas a imensa maioria da pesquisa é desenvolvida nas universidades públicas. Mais de 90% da produção científica no Brasil é proveniente das universidades públicas, sobretudo as federais. Um corte de 30% no seu orçamento vai inviabilizar não só a pesquisa, mas a própria universidade, que já anda mal das pernas. Esse corte vai afetar fornecimento de luz, de água, compra de equipamento, tudo": comentário também de Fernanda Sobral em entrevista ao EcoDebate.



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  4. A SBPC, junto com a ABC [Academia Brasileira de Ciências] e outras entidades está organizando um movimento chamado ‘Ciência Ocupa Brasília’. E é uma ocupação, sobretudo, do parlamento. Então, já houve uma audiência pública com o ministro Marcos Pontes, na comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, e depois o lançamento do que está se chamando de ‘Iniciativa para Ciência e Tecnologia no Parlamento’, que reúne vários parlamentares de vários partidos e também várias sociedades, associações e entidades do campo científico.





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  5. "A SBPC também se posicionou contra a ameaça do MEC de cortes e investimentos federais em cursos de sociologia e de filosofia. A SBPC agrega todas as ciências. Ela luta pela educação, pela ciência, tecnologia, inovação em todas as áreas. As ciências humanas, como no caso da sociologia e filosofia, que ficaram mais no foco agora, têm muita importância nos mais variados campos. Se fala muito que a sociologia é ideologia. Não, ela é baseada em evidências. Quando a gente fala em desigualdade é porque há dados que indicam a desigualdade. Essas disciplinas dão subsídios para as políticas públicas. A gente tem muito resultado de pesquisa nessas áreas que foram absorvidas por políticas culturais, por políticas educacionais, por políticas de segurança pública, por políticas de saúde, etc. Isso é um fato. E segundo é que elas formam pessoal para gerir os serviços públicos. Terceiro: elas contribuem também para uma reflexão crítica da sociedade, gerando avanços no país": comentário também da cientista social Fernanda Sobral.

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  6. "Nós não vamos ter desenvolvimento sustentável sem ciência e tecnologia. Aconteceram dois fatos aqui em Brasília nas últimas semanas que mostram como a ciência é importante. Uma mulher foi queimada com ácido sulfúrico, e os médicos aqui do centro de recuperação de queimados conseguiram recuperar parte da pele dela, por meio de enxertos. Isso é um avanço da ciência. Outra: duas meninas siamesas que nasceram aqui foram separadas por meio de uma cirurgia em um hospital aqui de Brasília e passam bem, veio gente do exterior para participar do procedimento. Isso é um avanço da ciência, e que seria impossível sem investimento em produção científica. Se você não dá dinheiro para pós-graduação não forma gente, não há atividade de pesquisa para avançar nessas questões. Sem ciência o futuro está completamente comprometido. Em uma casa, se você não tem dinheiro para fazer o segundo andar, você vive no primeiro numa boa, talvez com menos conforto, e daqui a dez anos pode fazer o segundo andar. Com a ciência não é assim. Se você para de produzir ciência por cinco, dez anos, o retrocesso é enorme. É o risco que está acontecendo": comentário também de Fernanda Sobral, SBPC.

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  7. Você pode por direto aqui sua opinião ou se preferir ou precisar envie pro e-mail do nosso blog que a gente posta aqui nesta seção. Vídeos, fotos, conteúdos, críticas, denúncias, sugestões, mande para padinhafranca603@gmail.com

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  8. "Tenho uma filha que está terminando Biologia na USP e pretende se dedicar à pesquisa e ao ensino universitário, ela diante da situação já tem feito contatos com colegas que hoje estão atuando no exterior, muita gente irá embora": comentário de Antenor Soares, de Santos (SP).

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  9. "Os que sofrem mais na população em sua condição de vida são os que mais precisam da ciência, da educação, das pesquisas de soluções sustentáveis para os problemas brasileiros": comentário também de Antenor Soares, que de Santos nos envia notícia sobre falta de equipamentos em hospitais públicos na Baixada Santista.

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