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terça-feira, 21 de maio de 2019

A TERRA TREMEU ENTRE A SERRA DA CANASTRA E A MACRORREGIÃO DESDE O SUDOESTE DE MINAS ATÉ O NORDESTE PAULISTA: O QUE SERÁ? TEM A VER COM EXPLORAÇÃO DE DIAMANTES?

Tremor de terra pode ter sido um fenômeno geológico natural ou não: o que hoje está causando o maior temor é uma exploração insana dos recursos hidrominerais e em especial do  diamante, ele que poderá em parte até movimentar a economia regional mas também poderá é destruir bem rápido a última ecologia da Serra da Canastra, caso isso for feito sem a licença ambiental ou de uma forma insustentável: ainda não há hoje uma pesquisa que garanta uma exploração sustentável de diamantes e esta boa ciência deveria ser uma prioridade atualmente dos pesquisadores que por sua vez precisam ser bem mais apoiados no Brasil pelos governos e pelas empresas



O tremor gerou um temor de que a mineração...

...venha a agredir a ecologia da Serra e do Rio São Francisco visto aqui logo após a sua nascente lá



Laboratórios da USP e da UNB já confirmaram o registro de um tremor de terra ontem de magnitude 3.9 em Delfinópolis, Minas Gerais e o fato comprova a sensação de muita gente em várias cidades daqui ouvidas por rádios e TVs, as causas vão desde uma natural acomodação geológica até também à exploração de diamantes, causas precisam ser investigadas. No caso dos diamantes, será um grande impacto. 80% do mercado mundial desta pedra super preciosa estão com a empresa transnacional De Beers (que já está na região hoje através da sócia brasileira Sopemi). Por aqui em Franca, no nordeste de São Paulo já foram feitas requisições de minas e implantado um Pólo Diamantário na Unesp (desativado depois). Uma reportagem pioneira de Cleide Carvalho, jornal O Globo, há 8 anos atrás já citava uma Corrida do Diamante na Serra da Canastra, algo que terá um grande impacto tanto ecológico como econômico, hoje, esta pauta está de volta agora devido ao tremor de terra na macrorregião e a hipótese deste fenômeno estar ligado a prospecções deste mineral: tem havido também suspeitas de exploração de pedras preciosas no leito do Rio Grande que mapeia a divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo por aqui. 


 Há suspeita de extração clandestina de pedras preciosas no leito do Rio Grande

A redução do parque nacional da Canastra é um outro problema que está vindo à tona agora


O município de Delfinópolis (MG) onde se constatou o epicentro do tremor de terra está aos pés do Parque Nacional da Serra da Canastra, que pode se tornar a maior mina de diamante do mundo, mesmo não tendo ainda sido divulgados à comunidade os estudos de impacto ambiental. Uma outra informação relacionada é que esta grande reserva de natureza do interior do país poderá ter sua área em breve reduzida de 200 mil para 120 mil hectares. O restante da área será usado em atividades econômicas e até mineração, já se tem notícia de escavações e prospecções em algumas áreas do Parque Nacional onde nasce o Rio São Francisco e sobrevivem fauna e flora importantes. 



Em 2012 já havia perfurações na Canastra nesta foto do GCN feita na época do Polo Diamantário de Franca
 É possível uma extração sem agredir a ecologia?


Apesar de rumores e de temores não há qualquer garantia de benefício para o município de Delfinópolis ou para a macrorregião, a pequena cidade turística tem como principal atração dezenas de cachoeiras e cursos d'água que brotam em suas terras. E na região toda, há plantações de café, criação de gado e também estão chegando os canaviais que predominam já em torno de Ribeirão Preto. A cerca de dois quilômetros de uma futura área de exploração de diamante há a nascente do Ribeirão do Claro, que abastece a cidade e dá origem a várias cachoeiras e quedas d'águas que são a força da economia turística de Delfinópolis. A extração de diamante para exportação será um grande negócio para a mineradora De Beers (e sua sócia brasileira Sopemi). Ao contrário do petróleo, a extração diamantífera não gera royalties expressivos. Pela legislação atual (que precisa ser mudada) a taxa cobrada pela exploração é a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), de apenas 0,2% sobre o faturamento líquido com a venda da pedra preciosa. Seriam pagos ainda outros 12,7% de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ( CSLL), mas tudo está indefinido e sombrio até este momento, mais dúvidas e preocupações do que expectativas de que se venha a criar um polo de mineração sustentável de diamantes no coração da Serra da Canastra e do interior do Brasil. Bem em cima também do Aquífero Guarani, a maior reserva de água doce da América do Sul. 


A macrorregião está no contexto do Aquífero Guarani (maior reserva de água do continente hoje já ameaçada)

Toda a mídia regional destacou o tremor como fez Cássio Freires ainda ontem pela Hertz e TV Record


"A Polícia Federal já chegou a deflagrar na região do Parque Nacional da Serra da Canastra, a Operação S.O.S. CANASTRA, para desmantelar uma organização criminosa que vem extraindo ilegalmente pedras de quartzito do Parque Nacional há vários anos. Estão sendo cumpridos 160 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Passos (MG), sendo 77 mandados de busca e apreensão, 73 mandados de prisão (20 preventivas e 53 temporárias), além de 10 apreensões de caminhões": comentário extraído da time line no Facebook do ecologista Reinaldo Romero (de Ribeirão Preto).  (CONFIRA ESTE E OUTROS COMENTÁRIOS NESTA SEÇÃO AQUI EMBAIXO NO BLOG DA GENTE)


Para se ter uma base de comparação, o ouro, que vale menos do que o diamante, paga 1% de compensação financeira (CFEM). Na Austrália, o diamante é taxado em 7,5% na mina. Na China, em 4% do valor de venda. Na Indonésia, em 6,5% do valor de venda. Não se tem notícia de que custos operacionais na exploração da mina possam ser deduzidos durante o processo. Já foiram feitos estudos que expõem a situação não apenas do diamante, mas de todo o setor de mineração, que paga no máximo uma taxa de compensação financeira de 3%, por exemplo, no caso do minério de alumínio e do potássio, por exemplo. O Brasil arrecada valores irrisórios de compensação financeira pela exploração de recursos minerais. Atualmente, o valor arrecadado no setor mineral é inferior à trigésima parte do que decorre da exploração do petróleo. E nesta época de tragédias em mineradoras de Minas, todo cuidado é pouco em termos de segurança ambiental e da vida da população ou da natureza em torno dos focos de exploração. O tremor de 3,9 na escala Richter pode ser mais um alerta sobre este temor dos cientistas, dos ecologistas e de algumas autoridades públicas que ainda hoje em dia se preocupam com ecologia, saúde e desenvolvimento sustentável, o que é minoria da minoria dos políticos atualmente. 



Pesquisadores e centros de sismologia... 

...têm detectado tremores na macrorregião


O Centro de Sismologia da USP captou o tremor de ontem nesta região da Canastra, registrado também pela Rede Sismográfica Brasileira e pelo laboratório da Universidade de Brasília: foi de magnitude 3.9, a maior dos últimos 29 anos nesta macrorregião do interior entre São Paulo e Minas Gerais, o epicentro foi detectado a 12 quilômetros a oeste de Delfinópolis (MG), também a 50 quilômetros a nordeste de Franca (SP) tendo sido sentido também no lado paulista da região em Ribeirão Preto e no lado mineiro em cidades como Sacramento, Itaú, Passos e Cássia. O tremor foi menor do que o temor de que a esperança de riqueza extra com recursos da natureza se transformem em mais um grande desafio para o meio ambiente do interior do Brasil. 



Um pequeno tremor dispara grandes temores...


(Confira depois mais alguns detalhes na seção de comentários deste blog que também tem um vídeo no tema postado por aqui)



Das pequenas nascentes ao Rio São Francisco a Serra da Canastra é uma riqueza hidromineral rara e enorme 




Fontes: USP - UNB - G1 Sul de Minas Ribeirão Preto e Franca - Jornal O Globo - folhaverdenews.blogspot.com

9 comentários:

  1. Já temos comentários e mensagens, aguarde e próxima edição desta seção deste blog, até logo mais.

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  2. "Em nível nacional este tremor por aqui deu noticias em toda mídia, por aqui na região, TV Record e EPTV, rádios como hertz, Difusora, Imperador, sites e jornais como o Diário Verdade de Franca ou o Folha da Manhã de Passos destacaram bastante este acontecimento": comentário de Elizeu Morais, que nasceu em Sacramento, Minas, e atua como fotógrafo free lance para jornais e sites de São Paulo e Rio de Janeiro.

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  3. Você pode por direto aqui a sua informação ou opinião, mas se precisar ou preferir, mande mensagem pro e-mail da gente que postamos aqui para você, pode então enviar diretamente pro padinhafranca603@gmail.com

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  4. "Não é possível prever se ocorrerão outros tremores ou se este foi um sismo isolado. O tremor de 1922 foi um único evento isolado nesta mesma região. Já o de Sacramento, bem perto da Serra da Canastra, em 1990, teve algumas pequenas réplicas bem pequenas por alguns meses. Vamos estar medindo agora os fatos": comentário extraído da nota oficial sobre o evento feita pelo Centro de Sismologia IAG/IEE/USP.

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  5. "Pensei que fosse uma carreta passando na rua em frente onde moro, mas pela janela vi que era outra coisa, a gente fica um pouco de antena em pé com essas coisas, estão mexendo muito com a natureza": comentário de Magno Quirino, agricultor, que mora em Franca (SP).

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  6. "A Polícia Federal já chegou a deflagrar na região do Parque Nacional da Serra da Canastra, a Operação S.O.S. CANASTRA, para desmantelar uma organização criminosa que vem extraindo ilegalmente pedras de quartzito do Parque Nacional há vários anos. Estão sendo cumpridos 160 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Passos (MG), sendo 77 mandados de busca e apreensão, 73 mandados de prisão (20 preventivas e 53 temporárias), além de 10 apreensões de caminhões": comentário extraído da time line no Facebook do ecologista Reinaldo Romero (de Ribeirão Preto).

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  7. "Na geologia e no mercado atual se sabe que o diamante vale mais do que o ouro, só por este detalhe já vale a preocupação dos pesquisadores e dos ecologistas com a Serra da Canastra, este abalo de terra pode ser sim um sinal de que a escalada de exploração clandestina aumentou": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha,que edita este blog da gente.

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  8. "A mídia do país já noticiara antes que o Parque Nacional da Serra da Canastra deverá ter sua área reduzida de 200 mil para 120 mil hectares, sendo que o restante da área será usado em atividades econômicas e até de mineração. Assim vejo como muito oportuna esta matéria relacionando também o tremor na região com um temor de agressões à natureza onde nasce o Rio São Francisco": comentário de Alberto Mendes, engenheiro pela USP, que nos promete pesquisar junto a algum setor do IPT da Universidade de São Paulo "se há pesquisas sobre uma forma sustentável de extrair mineração". A gente agradece ao Alberto Mendes e ficamos aguardando informações. Abraços e paz.


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  9. "Pelo que ouvi em rádios o prefeito de Delfinópolis trabalha com uma visão de arrecadar, segundo ele, o município ficará com 65% de uma alíquota de 3% da receita bruta com a exploração de diamante, caso ela se concretize, a avaliação dele é que, se existe minério, o melhor é explorar e aumentar a receita da prefeitura, nem se importa com o lado ambiental da Serra da Canastra, importante para as águas de todo o interior": comentário de Regina Pereira Borges, professora de Geografia que atua em Santos (SP) mas nasceu em Sacramento, Minas Gerais, ao lado da Canastra: "Tem que haver mobilização nacional em cima da defesa da ecologia da Serra da Canastra".

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