Em mais um caso de etnocídio e de violência professor indígena Xokleng que foi brutalmente assassinado em Santa Catarina vira ícone duma mudança nesta cultura de ódio e de intolerância que vigora e que ocorre em todas as regiões do Brasil
Memória Xokleng do grande Marcondes Namblá de Ibirama |
Ele defendia e praticava a cultura Laklãnõ-Xokleng |
Todas as informações estão em detalhe no site jornalistaslivres.org e aqui no blog do movimento ecológico, científico e de cidadania vamos resumir os principais conteúdos relacionados com a vida maravilhosa e morte brutal do Xokleng Marcondes, professor formado pela Universidade Federal de Santa Catarina que assumiu no dia a dia a luta pela revalorização da cultura dos índios no Brasil e o fim das crescentes violências contra os povos da floresta nesse país ruralista, com realidade cruel. Foi mais um caso de violência contra indígenas levando à morte pesquisador da cultura Laklãnõ-Xocleng, Marcondes Namblá, espancado no Litoral Norte, a 40km de Camboriú (SC). Destaque cultural da UFSC, Marco Nambla era uma liderança atuante da Terra Indígena Ibirama, o povo Laklaño Xocleng, como nos relata a repórter Raquel Wandelli em uma matéria de muita emoção.
Líder Xokleng Marcondes Namblá era professor pela UFSC |
"O
professor de Educação Indígena da etnia Laklãnõ Xocleng, Marcondes Namblá, 38
anos, é mais uma vítima de violência e assassinato brutal contra indígenas em
Santa Catarina. Casado, pai de cinco filhos, educador, estudioso e líder
expressivo de seu povo, ele foi encontrado desacordado com marcas de
espancamento no amanhecer do primeiro dia do ano (por volta de 5h:30min),
na avenida Eugênio Krause, na Praia de Armação, no Balneário de Penha, no litoral de Santa Catarina, onde fazia trabalho extra durante o verão,
vendendo picolé de frutas para aumentar a renda como professor Admitido em Caráter
Temporário (ACT) pela rede pública estadual, que não paga o período de férias.
Socorrido e levado em estado muito grave ao Pronto Atendimento mais próximo,
foi internado no Hospital Marieta Konder Bornhausen, no município de Itajaí, a
meia hora de Florianópolis, mas não sobreviveu às fraturas cranianas dos golpes
que sofreu. Quando chegou ao hospital, os médicos já haviam diagnosticado morte
cerebral do professor, que teve os ossos do crânio moídos com um porrete de
madeira. Marcas de pneus de carro no corpo mostram que depois de ter recebido
muitos golpes na cabeça e no corpo, pode ainda ter sido propositalmente
atropelado", escreve Raquel Wandelli no webespaço de jornalistas.
Webespaço de liberdade de informação apoiando professor índio Xokleng |
As entidades indígenas de Santa Catarina receberam a
notícia de que o professor, não resistindo aos graves ferimentos, faleceu no
Unidade de Terapia Intensiva do hospital. O corpo do professor da Escola
Indígena de Educação Básica Laklãnõ, pertencente à rede estadual, foi velado na Igreja Pentecostal Adoração a Deus, da Aldeia Coqueiro e
o sepultamento ocorreu no cemitério da Aldeia Figueira, em José
Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, sob forte comoção de familiares, amigos da
comunidade e entidades culturais,m de cidadania e humanitárias que exigem a investigação de mais este caso e a punição dos culpados como
um crime de etnocídio. O Boletim de Ocorrência foi registrado pela família na
Delegacia Policial do Balneário de Piçarras, ao lado do município de Penha: "Não é um caso isolado", disse o Centro Interdisciplinar de Antropologia e
História, em “Nota de tristeza, solidariedade e despedida”, relembrando que no
ano passado também, o bebê Vitor Kaingang havia sido degolado enquanto estava no colo
de sua mãe, na rodoviária de Imbituba. Câmeras de vigilância de
estabelecimentos locais detectaram a imagem de um homem ainda não identificado,
acompanhado de um cachorro que lhe desferiu vários golpes com um porrete até
fazê-lo cair e retornou para continuar o espancamento ao perceber que ele ainda
se mexia. A Polícia Civil está ouvindo testemunhas, investigando o caso e prometeu
apresentar uma solução em poucas horas. Mas até agora, nada aconteceu, como sempre. "Urgente mudar a realidade de violência contra os pais deste país, os indígenas são a base de nossa Nação, sem eles, perdemos noss indentidade", comenta por sua vez o editor do Folha Verde News, o repórter e ecologista Antônio de Pádua Silva Padinha, que tem realizado uma série de postagens aqui no blog (que passa de 517 mil visualizações em 7 anos no ar pela medição Google) e posts no Facebook neste sentido: "Temos que ir à luta para mudar e avançar a relação de todos com os índios".
Missionário
evangélico e quase cacique de seu povo, Marcondes Namblá pertencia
à aldeia Plipatól, no município de José Boiteux, que integra a Terra Indígena
Ibirama, no Vale do Rio Itajaí, em Santa Catarina. É também um dos sobreviventes de todo um
processo brutal de extermínio iniciado durante a colonização europeia em meados
do século XIX, do qual restou praticamente apenas o subgrupo Laklãnõ/Xokleng. Membro de
uma das famílias mais antigas de seu povo, com vários primos e irmãos
pesquisadores como ele, o professor assassinado formou-se em abril de 2015, na
primeira turma do Curso de Licenciatura Indígena do Sul da Mata Atlântica, da
UFSC, fazendo uma pesquisa de conclusão de curso “Infância Laklãnõ: Ensaio
Preliminar”. Nessa monografia, Nambiá apresenta um estudo das brincadeiras típicas das
crianças da sua etnia em situação de vida cultural mais próxima do ideal e
antes da Barragem Norte, que destruiu o acesso dos índios aos banhos de rio. Sendo um profundo conhecedor da cultura do seu povo, foi também criador e orientador de
outros trabalhos de pesquisa em língua Xocleng/Laklãnõ. Um dos seus projetos era o de
desenvolver com o primo Nanblá Gakran, professor universitário, reconhecido
especialista em história oral indígena, um projeto de registro dessa língua em extinção. (Confira vídeo aqui em nosso blog em que Marcondes Nambiá mostra canção na sua língua nativa).
Ele era recém aprovado em concurso público para finalmente ser efetivado como professor
no reinício das aulas deste ano, também se preparava para fazer mestrado em
Antropologia e ampliar os projetos a favor da cultura e da vida dos índios no sul do país.
Em Santa catarina e em todo país repúdio à violência contra índios |
(Confira na seção de comentários deste blog mais informações, moções de protesto contra a sua morte e a situação de violência, solidariedade de entidades de pesquisa e de cultura, homenagens ao Xokleng e a todo povo indígena brasileiro)
O segundo à esquerda é o professor com amigos Xoklengs |
Xokleng Marcondes Namblá na alegria da formatura pela UFSC |
Fontes: jornalistaslivres.org
folhaverdenews.blogspot.com
Através deste blog, nosso movimento da ecologia, da ciência, da cidadania e da não violência também se solidariza com a morte brutal do líder Xokleng Marcondeds Namblá, esta postagem tem o objetivo de estimular mudança e avanço no relacionamento com os índios por parte de todos os brasileiros.
ResponderExcluirVárias entidades e setores da sociedade civil, cultural e lideranças do movimento de cidadania de Santa Catarina também se solidarizaram com o líder Xokleng assassinado, exigindo mudanças neste tipo de violência crescente lá e em todo o país.
ResponderExcluirPor exemplo, as entidades de apoio aos povos originários, que já se mobilizavam em torno de vários grupos de solidariedade ao povo Guarani e Xocleng, reagiram com revolta e consternação, exigindo que as autoridades policiais apurem os culpados e as condições do assassinato.
ResponderExcluirEntidades de cidadania organizaram uma rede de voluntários para dar segurança à aldeia Xoklenbg e prevenir novos ataques à mão armada que vinham se intensificando desde o início de novembro. No final de novembro, uma manifestação no centro da cidade denunciou as condições precárias dos índios Xocleng que ficavam alojados embaixo da Ponte, em Florianópolis, quando precisavam vir à Capital em busca de tratamento de saúde ou de emprego. O fato intensificou a luta por uma casa de passagem para os indígenas, projeto já aprovado pela Câmara de Vereadores e nunca cumprido pelas autoridades políticas. Lá como cá...
ResponderExcluir"Tem havido vários casos de violência, em todos os três casos recentes envolvendo violência etnocida, as entidades de apoio aos povos indígenas criticam o que chamam de um esforço do poder público, autoridade policial e mídia comercial para construir uma narrativa que neutralize a conotação racista desses crimes. É triste e revoltante que esse tipo de ataque contra indígenas no estado se torne normal e invisível. E até agora não há um culpado e ninguém punido por essas crueldades”, comentário com trecho da nota publicada pela Comissão Nhemonguetá.
ResponderExcluirLogo mais, mais informações, coloque aqui sua opinião ou mande sua mensagem para o e-mail da redação do nosso blog navepad@netsite.com.br e/ou envie fotos, vídeos, material direto pro e-mail do nosso editor padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Músico também o professor Marcondes Namblá deixou alguns registros audiovisuais. Aqui em seleção de Música romântica em língua Xocleng neste vídeo": comentário de Raquel Wandelli sobre vídeo que está postado aqui no blog, feito na sua matéria pelo site jornalistaslivres.org
ResponderExcluir"Realmente, um horror este tipo de acontecimento que vem se dando também no Mato Grosso do Sul, na Amazônia, não só em Santa Catarina, é urgente mudar essa realidade de ódio e de extermínio dos nossos índios, sem eles, a ecologia se inviabiliza também": comentário de Rubens José Martins, professor de Agronomia, formado pela Unesp, ecologista, na região de São José do Rio Preto (SP).
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