Shell, Petrobrás, Total e estatais chinesas vencem o leilão e formam uma parceria polêmica
O site Uol foi a primeiro a informar hoje às 16h que o consórcio formado pela Petrobras, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total, e as estatais chinesas CNPC e CNOOC foi o único a fazer uma oferta e venceu o leilão do campo de Libra, no pré-sal, o maior campo de petróleo já descoberto no Brasil. O grupo se dispôs a ofertar para a União 41,65% do óleo a ser produzido no local --esse é o percentual mínimo exigido. A Petrobras ficou com 40% de participação, incluindo o percentual de 30% obrigatório por lei. Shell e Total ficaram com 20% cada uma. As chinesas ficaram com 10% de participação cada uma. Ou seja, em suma, vale a nossa preocupação, o Brasil não ficará nem a metade do nosso petróleo do Campo de Libra. Outra questão fundamental, que já estava no contexto do nosso post aqui no blog de manhã, é que urge irmos à luta para que se implante uma gestão sustentável dos nossos recursos naturais e minerais. E mais um conteúdo nesta pauta, o Greenpeace alerta para o gigantesco aumento de CO2 a ser emitida por esta plataforma marítima no litoral do sudeste brasileiro. Confira o debate, inclusive, no texto do cientista especializado em energia (Heitor Scalambrini Costa), que postamos aqui no blog da ecologia e da cidadania sobre este evento polêmico, conturbado e histórico. Pode influir direto na criação do futuro da Nação e até do planeta. (Padinha)
Nem mesmo a Nação ficará com 50% das reservas de petróleo leiloadas no Rio |
Petroleiros e black blocs se mobilizaram mas Governo acredita que o leilão e a parceria serão positivos: veja também a posição crítica de um cientista que questiona: ...o petróleo é nosso?
Tropas do Exército já cercam o local onde hoje à tarde acontece o polêmico leilão |
De
acordo com o balanço atual da Advocacia-Geral da União (AGU), 18 das 23 ações ingressadas em tribunais de todo o
país com pedido de suspensão do leilão no Campo de Libra, na Bacia de
Santos (SP), a ser realizado hoje à tarde no Rio de Janeiro tiveram decisõesfacoráveis ao Governo: segundo o site Brasil de Fato, dando uma cobertura exemplar a este polêmico evento de interesse nacional, a AGU informou que 300 procuradores do órgão
trabalham há 15 dias especificamente para garantir que o leilão ocorra e
derrubar as liminares pedindo a sua suspensão. A
licitação está marcada para hoje a partir das 14h,
no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio. Por informações da Agência do Brasil, já se sabe que o
leilão será realizado independentemente do número de interessados, mas
nove grupos já depositaram a garantia para participar da disputa. Esse
será o primeiro leilão a ser feito no modelo de partilha, tendo a
Petrobras como única operadora e com a participação mínima de 30% do
consórcio vencedor. "Todo este evento do leilão fica mais controverso, mais polêmico, pode gerar confusão, erros e até violência ou mesmo prejuízos à Nação, a começar pela falta de credibilidade do ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, pelo seu histórico, ou pela pouca transparência de todo este processo", comenta aqui no blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News o nosso editor, o repórter e ecologista Antônio de Pádua Padinha: "Tudo isso poderia estar acontecendo com outro clima, com mais transparência, tranquilidade, com a população melhor informada, no fundo, no fundo, falta há muito uma gestão sustentável de nossos recursos naturais e isso também influi para tumultuar, o que todos querem é que a população e o país não sejam prejudicados diante da riqueza fora do comum destas reservas de petróleo, o prejuízo poderá ser não só no setor do meio ambiente se a decisão estiver equivocada como analisam alguns especialistas em energia".
Os
petroleiros já estão a postos para uma manifestação a partir das
10h, na praia da Barra da Tijuca, entre a Ponte Lúcio Costa e a Praça do
Ó. Os black blocs, presentes em todas as manifestações, também estão
se organizando pelas redes sociais para participar da manifestação. Este grupo rebelde marcou uma concentração,
às 17h, na Candelária, para um ato ao longo da Avenida Rio Branco, com
término na Cinelândia, quando então o Brasil já estará sabendo do resultado deste leilão. Em Brasília, já estão se manifestando agora os petroleiros e movimentos sociais, eles que desde o dia 2
acampam na Esplanada dos Ministérios, farão ato de protesto em frente à
Petrobras.
A seguir, postamos aqui um texto criticando o leilão, escrito pelo engenheiro especializado em energia da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini Costa. Confira agora a seguir.
"Naqueles anos, de triste
recordação para o povo brasileiro, mal assumiu o governo, Fernando Henrique
Cardoso (FHC) enviou ao Congresso um projeto de emenda constitucional que visava
acabar com o monopólio da Petrobrás sobre a exploração e produção de
petróleo. Em 3 maio de 2013 completou 18
anos da histórica e heróica greve de 32 dias dos petroleiros, que em plena era
FHC, foi fundamental como movimento de resistência para impedir a privatização
da Petrobrás (ou PetroBrax como se chamaria). Naquele ano de 1985 foi autorizado
pelo presidente da Republica que o exercito com tanques, metralhadoras e
militares ocupassem as refinarias e reprimissem os trabalhador@s. A Federação Única dos
Petroleiros (FUP), que liderou este movimento, acabou despertando um movimento
nacional de solidariedade resultando no grito único de que “somos todos
petroleiros”. Um alto preço foi pago, resultando na demissão de muitos
trabalhador@s, e de multas astronômicas para os sindicatos ligados a FUP. Com
toda repressão a luta valeu a pena, e a Petrobrás não foi totalmente
privatizada. Agora, novamente, os petroleiros mostram o caminho em uma greve
contra o leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos - a primeira licitação de
área do pré-sal. Libra não é um mero campo, é um reservatório totalmente conhecido, delimitado e
estimado em seu potencial de reservas em barris. Ou seja, esta área não é um
bloco aonde a empresa petrolífera irá “procurar petróleo”. Constitui na maior
reserva comprovada de petróleo brasileiro no pré-sal, descoberto pela Petrobrás
em 2010, e uma das maiores descobertas mundiais dos últimos 20 anos, possuindo
entre 12 e 14 bilhões de barris de petróleo (equivalente a dois terços das
atuais reservas brasileiras). No
dia 17/10 a presidente Dilma Rousseff
assinou um decreto que autoriza o envio, além das tropas do Exército, homens da
Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) para garantir (?) a realização do leilão da área de
Libra, que ocorrerá na segunda-feira (21/10) no Windsor Barra Hotel, na Barra da
Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O Ministério da Defesa coordenará as ações
com apoio do Ministério da Justiça, em uma
operação denominada de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e será executada pelo
Comando Militar do Leste, que contará com mais de 1.100 homens. Não está
descartada a possibilidade de reforço da Marinha e até da
Aeronáutica. Mais uma vez a presidente Dilma
decidiu imitar FHC, pois além de privatizar o petróleo, chama o exercito contra
aqueles que denunciam o entreguismo, como o tucano fez em 1995. Além disso,
alimenta a judicialização e a criminalização por parte da mídia. Sem dúvida
ficará para a história pelo uso do exército, contra os manifestantes que
defendem os interesses nacionais. Contra os leilões do petróleo e
pela soberania nacional. O petróleo é nosso". (Heitor Scalambrini Costa Costa, Petróleo: a história de repete).
Fontes: www.brasildefato.com.br
Agência Brasil
FUP
www.uol.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com
A gente aqui do blog, que defendemos a liberdade de informação, o desenvolvimento sustentável e o pacifismo lamentamos este clima de guerra: tropas do Exército já estão posicionadas em frente ao hotel para garantir a segurança do evento. Os militares ocupam a entrada do hotel desde a meia-noite de domingo equipados com escudos e armas não letais. A segurança na região da Barra da Tijuca, onde ocorrerá o leilão, será feita pelo Exército, com o reforço da Marinha, da Força Nacional e da Polícia Militar. O efetivo total empregado na operação é formado por cerca de 1.100 homens. Talvez com mais debate com toda a democracia e cidadania na mídia, não fosse necessário tudo isso.
ResponderExcluirOs 1.100 homens estão preparados para agir em casos de manifestações, que estão sendo convocadas pelos petroleiros em greve deste quinta-feira e pelos movimentos sociais que apoiam a paralisação, contrários ao leilão da camada do pré-sal. E há ainda o vandalismo de plantão, o black bloc, todas as dúvidas e polêmicas etc e tal.
ResponderExcluirE atenção: o governo federal brasileiro optou por leiloar o campo de Libra, a maior reserva petrolífera brasileira, por duas razões: “uma delas é geopolítica, ou seja, o país quer aparecer ao capital financeiro mundial como bem comportado. Para quê? Para atrair mais capital de curto prazo para o Brasil. A segunda razão é manter a política do tripé que foi instalada pelos tucanos e preservada pelos governos Lula e Dilma”. Esta é a avaliação feita pelo economista Carlos Lessa em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone ainda hoje.
ResponderExcluirLessa questiona o argumento da presidência da Petrobras, de que a empresa não tem capital financeiro para explorar o campo de Libra. “A Petrobras foi sendo espremida pelo governo nos últimos anos. O caixa da empresa era próximo a 70 bilhões de reais; hoje está reduzido a seis ou sete bilhões. (...) Mais do que isso: o Tesouro Nacional não queria construir o trem bala? Quer construir essa obra e não tem recurso para tocar para frente um campo de petróleo, que irá dobrar as reservas brasileiras? Nenhum país do mundo faz partilha de um campo já conhecido”. E dispara: “O argumento da Graça (Graça Silva Foster) é sem graça. É uma desgraça. Não consigo entender como isso está acontecendo se a presidente Dilma disse, em discurso quando candidata à presidência da República, que não iria privatizar o pré-sal”.
Mande aqui para o nosso blog por e-mail a sua informação ou mensagem sobre esta pauta: navepad@netsite.com.br
ResponderExcluir"Eu também estou confuso sobre esta situação toda, fico em dúvida, a parceria é um avanço em relação à concessão? Creio que um debate público e aberto mais intenso ajudaria muito", é a mensagem que nos envia Maria dos Santos Pereira, de Campo Grande (MS) que diz que "de vez em quando entre neste blog que sempre me dá uma luz". Agradecemos à Maria.
ResponderExcluirA gente espera que o sistema de parceria seja melhor do que o de concessão, usado antes, bem como que os recursos naturais e minerais do Brasil, o ambiente e a população não sejam prejudicados. De toda forma, urge criar uma gestão sustentável dos recursos da nossa natureza.
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