"O Brasil está acabando com o verde da sua bandeira, o desflorestamento do país é um crime de ecocídio e um crime de especismo, que provoca a extinção de incontáveis espécies vegetais e animais. Em uma região tão rica em biodiversidade, os brasileiros – para atender a demanda interna e internacional – já destruíram 93% da Mata Atlântica. Para piorar, os mesmos crimes estão sendo cometido nos demais ecossistemas brasileiros, sendo que 20% da Floresta Amazônica já foi eliminada e a destruição continua a passos largos", é desta forma que começa o texto de José Eustáquio Diniz Alves no site de assuntos socioambientais EcoDebate, ele que é pesquisador do IBGE e doutor em demografia: aqui no blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News você pode conferir na íntegra a seguir todas as observações deste cientista brasileiro, "com a expectativa ou pelo menos a esperança que esta denúncia sirva de alerta e até de uma mudança de rumo no país, só uma gestão de Desenvolvimento Sustentável será capaz de transformar este apocalipse em vida nova para os recursos naturais brasileiros, que são fundamentais para o futuro da Nação e da própria vida aqui e em todo o planeta", argumenta o repórter e ecologista Antônio de Pádua Padinha ao editar aqui neste webespaço estes comentários da hora para você que também vai à luta para mudar e avançar a realidade.
O "avanço" da desnatureza também no Paraná fica muito claro nesta sequência |
"O Estado do Paraná é um exemplo da eliminação da cobertura vegetal em um lapso de tempo de apenas 100 anos. Até 1890, a exploração econômica do Paraná estava restrita à Serra do Mar (especialmente Paranaguá e Curitiba) e a população do Estado era de apenas 250 mil habitantes, no início da República e menos de um milhão de pessoas no fim da República Velha. A população chegou a 2,1 milhões de habitantes em 1950, 8,4 milhões em 1991 e 10,4 milhões de habitantes em 2010. A atual densidade demográfica do Paraná é de 53 habitantes por km2, mais do dobro da densidade nacional. Nos primórdios do desmatamento do Paraná estavam a exportação de madeiras de lei e a produção de erva-mate. Porém, até meados do século XIX o território paranaense era uma região pouco povoada e a interiorização era dificultada pela resistência indígena e à falta de mão de obra, advinda das restrições da conjuntura abolicionista. Mas a ocupação territorial foi acelerada com expansão da imigração europeia, após o fim legal do trabalho escravo. A partir de 1930, com o avanço das rodovias, da indústria madeireira (antes dependente das estradas de ferro), a ocupação humana espalhou-se pelo interior. As serrarias foram fundamentais para a criação dos núcleos populacionais. A população cabocla foi ocupando o interior do Paraná, dedicando-se à criação de suínos no interior da floresta e para alimentar as pessoas e as criações havia a necessidade de lavouras anuais, sendo que o meio utilizado foi o desmate, seguido da queima dos resíduos e após o esgotamento da fertilidade do solo, a área de lavoura era abandonada. No final do século XIX teve início a intensificação do processo de colonização via imigração européia e a instalação dos novos colonos pressupunha a derrubada da floresta e plantio de culturas anuais e a expansão da pecuária. O processo de desflorestamento foi acelerado, especialmente a partir de 1935, pela expansão da cultura do café, rumo ao oeste do Estado. Depois da Segunda Guerra Mundial, o processo de destruição florestal foi ainda mais acelerado pela conjugação do aumento das atividades da agricultura e pecuária tradicional, com a “indústria” do agronegócio, as mineradoras, as madeireiras, a expansão rodoviária, as hidrelétricas, a urbanização e a especulação imobiliária urbana e rural, etc. O resultado foi a eliminação progressiva da cobertura verde do Estado. A construção da hidrelétrica de Itaipu (construída entre 1976 e 1982) foi um ponto central para a ocupação e o desmatamento do extremo oeste do Paraná. A usina de Itaipu, impediu o livre fluxo das águas, criou uma enorme área de floresta destruída pelo lago, além de provocar o crime ecológico do alagamento do salto de Sete Quedas, no rio Paraná, em Guaíra. O crescimento das cidades, da agricultura e da pecuária decorrente do desenvolvimento do Oeste do Paraná completaram o processo de destruição da floresta e redução da biodiversidade. Ao mesmo tempo, o estado desmatado contribui mais para a emissão de gases de efeito estufa e contribui menos para o sequestro de carbono, o que agrava o processo de aquecimento global do Planeta. Das poucas manchas verdes, encontra-se o Parque Nacional do Iguaçu, localizado na região do extremo oeste do Paraná, possuindo uma área total de 185 mil hectares (incluindo as Cataratas do Iguaçu). O Parque Nacional foi criado em 1939, através de Decreto-Lei do presidente Getúlio Vargas. Até a década de 1950, a região oeste paranaense mantinha-se bem preservada ambientalmente. Mas a partir daí, o processo mais intenso de devastação foi isolando o Parque Nacional do Iguaçu e, em 1980, já estava praticamente ilhado pelas atividades antrópicas. A cada ano as manchas verdes remanescentes da antiga Mata Atlântica são reduzidas e a mobilidade dos animais da vida selvagem fica completamente comprometida.
Por exemplo, a quantidade de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu tem se reduzido drasticamente devido a falta de espaço para a vida selvagem, os ataques dos caçadores que invadem o parque e os tiros dos fazendeiros que matam os animais selvagens para proteger os animais domesticados que servem para a alimentação humana. Entre 1995 e 2010 o número de onças, da espécie Phantera onca, foi reduzido de 164, para 18 indivíduos. Pesquisadores e estudiosos do projeto Carnívoros do Iguaçu consideram que as onças do Parque Nacional do Iguaçu podem desaparecer em até 80 anos. Segundo declaração da pesquisadora Marina Xavier da Silva, ao G1, o oeste do Paraná é o último habitat natural da onça-pintada no Sul do país. Sem comida, as onças tendem a deixar a reserva e na falta de corredores ecológicos, atacam animais domésticos e de criação. Assim, a ação dos caçadores e o abate por retaliação estão entre as maiores causas da possível extinção das onças do Parque do Iguaçu".
"O fato é que a erradicação da Floresta Atlântica e da Floresta de Araucária significou e significa a extinção de inúmeras espécies vegetais e animais. As onças-pintadas são o símbolo maior da mesquinhez do modelo de desenvolvimento humano que não respeita o meio ambiente e se enriquece na base de uma política de terra arrasada. Este modelo egoísta e anti-ecológico só tem fôlego no curto prazo, pois no ciclo longo da vida a destruição da biodiversidade e da biocapacidade vai se voltar contra os próprios agressores maiores da natureza. A destruição não é só da cobertura vegetal, mas da própria Mãe Terra que está perdendo a diversidade da vida, resultado da evolução ocorrida durante milhões de anos e que pode, praticamente, desaparecer em poucos séculos". (Texto de José Eustáquio Diniz Alves)
Referências:
Programa Mata Ciliar
http://www.mataciliar.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=4
Margit Hauer. As Florestas no Paraná: um processo de involução
http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/LIVRO_REFORMA_AGRARIA_E_MEIO_AMBIENTE/PARTE_1_2_MARGIT_HAUER.pdf
Fabiula Wurmeister. Onças do Parque Nacional do Iguaçu podem ser extintas em até 80 anos, 25/06/13
http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2013/06/oncas-do-parque-nacional-do-iguacu-podem-ser-extintas-em-ate-80-anos.html
Fontes: www.ecodebate.com,br
http://folhaverdenews.blogspot.com
A derrubada das últimas manchas e matas de Floresta Atlântica e Floresta de Auracária, bem como rítmo da extinção das Onças Pintadas típicas do Paraná, mostram a perda da biodiversidade desta região e a ameaça de não existir futuro na vida ali, por uma história de destruição e de violência contra a natureza.
ResponderExcluirNesse sentido, a construção da hidrelétrica de Itaipu (entre 1976 e 1982), em plena época ditatorial, foi um ponto crucial no desequilíbrio ambiental do Paraná: ao invés de mega hidrelétricas, o Brasil desde então já tinha informação e tecnologia para implantar fontes limpas de geração de energia. Agora, ainda mais.
ResponderExcluirAgora está tarde mas ainda há alguma chance de restauração do equilíbrio socioambiental do Paraná (e de todo o país), desde que o Brasil opte por formas menos agressivas e mais ecológicas para a geração de energia (como as usinas solares, eólicas e outras alternativas já desenvolvidas), optando já por uma gestão sustentável dos (últimos) recursos naturais, minerais, vegetais que são a garantia de futuro para a Nação e a vida.
ResponderExcluirMande vc a sua informação, comentário, opinião ou mensagem dentro desta pauta e a partir do texto do Dr. José Eustáquio aqui para a redação do nosso blog: navepad@netsite.com.br
ResponderExcluirUm dos posts hoje no Facebook comentando esta pauta de hoje aqui no blog da ecologia e da cidadania, resumia isso assim: "O que acontecer com as Onças, acontecerá com o país e a vída". Pode parecer profecia apocalíptica mas é a realidade.
ResponderExcluir"Eu que sou paranaense aqui de Londrina adorei este blog, aliás, toda essa luta da ecologia, quando tudo parece perdido, tem este oásis, entende?". Foi esta linda mensagem que nos chegou às 16h01 aqui na redação do Folha Verde News e nos dá forças a continua a lutar, quem a mandou foi Rita Moreira. Obrigado, Rita, paz e oásis p/ vc tb.
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