O homem mais rico da China, com uma fortuna pessoal estimada em R$ 49 bilhões, o investidor do setor imobiliário Wang Jianlin quer expandir seus negócios para o Brasil e o seu interesse aqui é o de comprar salas de cinema: "Estou à espera de convites de parceiros brasileiros”, disse o bilionário Wang durante o lançamento do megaestúdio que ele está custeando na cidade costeira de Qingdao, leste da China, já chamada de Cidade do Cinema. Através dela, o megaempresário chinês pretende rivalizar com centros de produção como a Cineccitá e até especialmente com Hollywood. Dinheiro e know-how no setor ele tem, tanto para montar a Cidade do Cinema em seu país como para transformar o mercado cinematográfico brasileiro num negócio de ponta. Na China, os números de Wang Jianlin são mais do que impressionantes: são 6.000 salas de cinema, 71 shopping centers, 57 lojas de departamentos, 63 karaokês e 38 hotéis cinco estrelas. No total, o seu patrimônio construído se estende por 12,9 milhões de metros quadrados, quase o dobro da área do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. No ano passado, o conglomerado Wang comprou por R$ 5,8 bilhões a AMC Entertainment, a segunda maior cadeia de salas de cinema dos EUA. Agora Wang pretende repetir a operação no Brasil. "Já temos uma equipe estudando possibilidades de investimentos no Brasil. Nosso plano é comprar ou construir salas de cinema neste país", afirmou Wang. "Sei que a população brasileira é jovem e adora cinema, há muito potencial no setor". Depois que o plano de Wang veio a público,
A gente espera que com mais salas de cinema e uma distribuição mais profissional ou mais avançada, além de mais estúdios e maiores recursos em produções de variados tipos, isso abra maior
espaço para filmes brasileiros, também os menos comerciais ou mais autorais, que nem chegam ao mercado e também para os filmes de arte de todas as origens e
estilos, enriquecendo a vida cult também dos espectadores de cinema por aqui no Brasil. Isto não é um desafio impossível para alguém como Wang Jianlin que, entrevistado pela France Press, afirmou com todas as letras que a futura Chinawood vai superar Hollywood, o complexo terá 20 estúdios,
incluindo “o maior do mundo” com 10.000 metros quadrados, devendo produzir “pelo menos uma centena de filmes anualmente". O Wanda
Group referiu também ter concluído “acordos de princípio” para garantir
que anualmente serão rodados no complexo cerca de três dezenas de filmes
estrangeiros, entre eles, de roteiristas e diretores brasileiros, informou por sua vez a Agência Lusa. A força bilionária do Wanda Group é inegável e poderá revitalizar o cinema no Brasil, como negócio.
Mas como está na realidade o cinema brasileiro hoje?
Kléber Mendonça Filho escreveu sobre este assunto que a cinematografia nacional está achatada e enfraquecida pelos megalançamentos mundiais. Por sua vez, Karin Ainouz criticou a média das produções brasileiras atuais, dizendo inclusive que atualmente na verdade os cineastas brasileiros não fazem comédia popular mas algo bem pior, tipo chanchada. E o site iG recentemente entrevistou cineastas brasileiros com atuação em muitos anos e em vários tipos de produção por aqui, os que viveram a época da Embrafilme e pós-Embrafilme, a maioria afirmou que temos no país agora uma certa estabilidade de produção cinematográfica, o que é positivo, até mesmo filmes mais autorais são produzidos, embora haja a prioridade de mercado para os mais comerciais: o grande problema continua sendo a distribuição. Os filmes que não têm nada a ver com as chanchadas atuais são expulsos das salas de exibição, por força da preferência do mercado. Não precisa ser algo como foi a Embrafilme, mas deveria haver uma política de estado no setor do cinema no Brasil, tanto para fiscalizar os negócios como para incentivar a realização de filmes que fogem do formato de comédias populares, que é o que predomina. "Também, não é possível filmes estrangeiros entrarem neste país tomando conta de 90% do mercado, como acontece com os blockbusters. Também não é possível ter uma visão tacanha de querer apenas conquistar o mercado e por isso ficar apostando só em comédias populares. Elas são importantes e têm de existir, porque o mundo cinematográfico precisa de todos os estilos, precisa ser diversificado. Mas é uma visão tacanha achar que você pode construir uma identidade sem trabalhar com o chamado cinema autoral, que também quer ter comunicação com o público, mas parte de um ponto de vista que não quer apenas satisfazer uma realidade já existente. Isso para mim é o cinema comercial: fazer só o que as pessoas querem ver", comentou a diretora de filmes autorais Murat. Ela e quase todos aprovam as co-produções com outros países e as colaborações mútuas com profissionais de cinema de outros lugares, mas em geral, os cineastas sabem que somente um avanço de uma linguagem mais autoral e de um estilo brasileiro mais definido e mais diversificado de filmes, somente isso reafirmará o cinema do Brasil, algo por que viveu e morreu Glauber Rocha, pioneiro desta luta com o Cinema Novo, que bateu de frente com os erros e limites do governo ditatorial nos anos 60, 70, 80. Agora, no século 21, com o grande momento da Internet e da cultura digital, também da tecnologia da multimídia, a entrada na distribuição e na produção de cinema no Brasil de Wang Jianglin poderá revitalizar este setor da nossa produção cultural, desde que respeite as características locais e as necessidades reais do mercado, como também o feeling dos cineastas mais autorais. Não adianta só produções bancadas por uma rede de TV que domina o mercado de imagens e sim também um projeto de produção de filmes que possam causar um avanço dos filmes brasileiros numa situação de grande competitividade na mídia contemporânea: "Só um cinema com um estilo nacional, sustentável e diversificado em seus formatos é capaz de fazer sucesso na indústria mundial de filmes hoje", comenta aqui no blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News, o nosso editor Antônio de Pádua Padinha que considera positiva a invasão chinesa do cinema do Brasil, planejada por Wang Jianglia: "Pelo menos, o impacto de mercado poderá tirar os filmes brasileiros da mesmice, da mediocridade e da falta de perspectiva de futuro".
Fontes: iG
France Press
Agência Lusa
www.planosequencia.com
www.ionline.pt
www.rjnoticias.com
www.pipocamoderna.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com
Mas como está na realidade o cinema brasileiro hoje?
Kléber Mendonça Filho escreveu sobre este assunto que a cinematografia nacional está achatada e enfraquecida pelos megalançamentos mundiais. Por sua vez, Karin Ainouz criticou a média das produções brasileiras atuais, dizendo inclusive que atualmente na verdade os cineastas brasileiros não fazem comédia popular mas algo bem pior, tipo chanchada. E o site iG recentemente entrevistou cineastas brasileiros com atuação em muitos anos e em vários tipos de produção por aqui, os que viveram a época da Embrafilme e pós-Embrafilme, a maioria afirmou que temos no país agora uma certa estabilidade de produção cinematográfica, o que é positivo, até mesmo filmes mais autorais são produzidos, embora haja a prioridade de mercado para os mais comerciais: o grande problema continua sendo a distribuição. Os filmes que não têm nada a ver com as chanchadas atuais são expulsos das salas de exibição, por força da preferência do mercado. Não precisa ser algo como foi a Embrafilme, mas deveria haver uma política de estado no setor do cinema no Brasil, tanto para fiscalizar os negócios como para incentivar a realização de filmes que fogem do formato de comédias populares, que é o que predomina. "Também, não é possível filmes estrangeiros entrarem neste país tomando conta de 90% do mercado, como acontece com os blockbusters. Também não é possível ter uma visão tacanha de querer apenas conquistar o mercado e por isso ficar apostando só em comédias populares. Elas são importantes e têm de existir, porque o mundo cinematográfico precisa de todos os estilos, precisa ser diversificado. Mas é uma visão tacanha achar que você pode construir uma identidade sem trabalhar com o chamado cinema autoral, que também quer ter comunicação com o público, mas parte de um ponto de vista que não quer apenas satisfazer uma realidade já existente. Isso para mim é o cinema comercial: fazer só o que as pessoas querem ver", comentou a diretora de filmes autorais Murat. Ela e quase todos aprovam as co-produções com outros países e as colaborações mútuas com profissionais de cinema de outros lugares, mas em geral, os cineastas sabem que somente um avanço de uma linguagem mais autoral e de um estilo brasileiro mais definido e mais diversificado de filmes, somente isso reafirmará o cinema do Brasil, algo por que viveu e morreu Glauber Rocha, pioneiro desta luta com o Cinema Novo, que bateu de frente com os erros e limites do governo ditatorial nos anos 60, 70, 80. Agora, no século 21, com o grande momento da Internet e da cultura digital, também da tecnologia da multimídia, a entrada na distribuição e na produção de cinema no Brasil de Wang Jianglin poderá revitalizar este setor da nossa produção cultural, desde que respeite as características locais e as necessidades reais do mercado, como também o feeling dos cineastas mais autorais. Não adianta só produções bancadas por uma rede de TV que domina o mercado de imagens e sim também um projeto de produção de filmes que possam causar um avanço dos filmes brasileiros numa situação de grande competitividade na mídia contemporânea: "Só um cinema com um estilo nacional, sustentável e diversificado em seus formatos é capaz de fazer sucesso na indústria mundial de filmes hoje", comenta aqui no blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News, o nosso editor Antônio de Pádua Padinha que considera positiva a invasão chinesa do cinema do Brasil, planejada por Wang Jianglia: "Pelo menos, o impacto de mercado poderá tirar os filmes brasileiros da mesmice, da mediocridade e da falta de perspectiva de futuro".
Fontes: iG
France Press
Agência Lusa
www.planosequencia.com
www.ionline.pt
www.rjnoticias.com
www.pipocamoderna.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com
Espera-se que com mais salas de cinema e uma distribuição mais profissional ou melhor exibição, além de mais estúdios e maiores recursos em produções de variados tipos, isso abra maior espaço também para os filmes brasileiros de variados formatos e até para os autorais e de linguagem mais cult.
ResponderExcluirA possível entrada no Brasil de dinheiro e melhor estrutura de distribuição só representará um avanço para o cinema brasileiro com a produção de filmes de variados formatos, regionais, autorais, para se criar um estilo nacional: só com uma linguagem brasileira, o cinema do Brasil poderá ser universal e avançar definitivamente.
ResponderExcluirA foto de Wang Jianglin, um megaempresário, lado a lado com as imagens críticas sobre o cinema feitas por Glauber Rocha (na época do Cinema Novo, censurado), este contraste dá o tamanho do desafio que é a indústria de cinemas e hoje, de multimídia no país.
ResponderExcluirChanchadas da Atlântida, Mazzaroppi, Embrafilme, pornochanchadas, as atuais comédias com elenco da TV, o cinema brasileira vem se mantendo vivo, com erros e limites de cada época, mas carece de uma revolução cult, em sua linguagem, criando-se um novo estilo de multimídia: só isso poderá aproveitar bem um megaparceiro como Wang Jianglin.
ResponderExcluirVocê considera uma invasão ou vê como positivo o plano do chinês Wang Jianglin de entrar no negócio do cinema no Brasil? Mande a sua opinião, informação ou comentário para navepad@netsite.com.br aqui na redação do nosso blog.
ResponderExcluir"Acho importante a avaliação que este blog fez deste assunto, colocando coisas que precisam mudar no cinema brasileiro, já que não é mesmo só dinheiro que poderá mudar a situação complexa deste setor de produção cultural que anda ultimamente mediocre": é a mensagem que nos enviou Rogério Mendes que estuda comunicação na Unesp de Bauru.
ResponderExcluirA internauta Jô da Silva nos mandou um comentário:"Na universidade em Salvador estudei as várias fases do cinema brasileiro, primeiro teve as Chanchadas, depois a Vera Cruz, o Cinema Novo, as Pornochanchadas e mais recente as comédias com gente da Globo, tomara que esta fase da China traga bons filmes e não só mais dinheiro para o bilionário chinês".
ResponderExcluirTambém para responder uma pergunta do engenheiro José Américo, que acessou nosso blog em Formiga (MG), nosso editor Padinha comenta ainda: para o cinema brasileiro ter um estilo creio que o principal será focar a realidade do país, do povo, de nossas raízes, aí será um produto cult, você e muita gente gostaria de ver nas telonas a vida do Brasil.
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