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domingo, 22 de setembro de 2013

O QUE ESTÁ POR TRÁS DO EVENTO DE HOJE (DIA MUNDIAL SEM CARRO)

Trânsito caótico estressa e poluição do ar mata 6 milhões de pessoas por ano no planeta
 
A vida nas grandes cidades lentamente transforma pessoas saudáveis em doentes crônicos, um dos maiores vilões da saúde nas metrópoles mundiais é a poluição do ar, causada em grande parte pela frota de veículos exagerada e pelo transporte público deficiente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, cerca de 6 milhões de pessoas no mundo perdem suas vidas por causa da poluição do ar. Além da falta de mobilidade urbana e da má qualidade de vida no dia a dia da realidade urbana, esta situação é que está por trás da iniciativa de marcar anualmente um dia sem carro: a gravidade desta situação levou já há 15 anos ecologistas e ciclistas da Europa, de vários países e também do Brasil há uma década promover o Dia Mundial Sem Carro, acontecendo hoje no país, coincidindo com a chegada da Primavera também. "As informações estão fundamentadas em posts de sites como Ambiente Brasil, Envolverde, Terra e revelam dados da pior dimensão em termos de saúde e de ecologia para a população em especial de médias e grandes cidades", argumenta por aqui no blog Folha Verde News, o nosso editor repórter e ecologista Padinha: "A Organização Mundial da Saúde da ONU já há 15 anos concluiu pela grande urgência que é mudar e avançar esta realidade e foi aí desde então que nasceu o Dia Sem Carro do movimento ecológico e de cidadania,  a sociedade civil tomando atitude e pressionando assim as autoridades a implantarem uma gestão de desenvolvimento sustentável nas cidades". De 1998 para cá vem cada vez mais se constatando que milhares de pessoas desenvolvem doenças crônicas degenerativas causadas pelo estilo de vida nas metrópoles: elas matam em longo prazo ou debilitam a saúde, deixando uma multidão de indivíduos produtivos incapazes de desenvolverem suas atividades.  
 


Em todo país e planeta ciclistas se manifestam hoje pelas mudanças na vida das cidades
 
Até 2050, a poluição do ar será a principal causa das mortes por câncer de pulmão em nível global. Esta é a conclusão de uma equipe de especialistas da Universidade de São Paulo (USP) em recente artigo publicado pela revista Nature. Países em desenvolvimento são apontados como os mais vulneráveis a este mal. “Cidades da China, Índia, Indonésia e Brasil possuem níveis de poluição muito altos, mas há outras que não medem e não informam a poluição do ar, que pode ser maior. O fato de estarem se comparando é sinal de que querem melhorar”, afirma Carlos Dora, coordenador do departamento de saúde pública e meio ambiente da OMS. “Vários estudos mostram que os corredores de trânsito são as chaminés das cidades modernas”, afirma Paulo Saldiva, patologista e professor da USP. Segundo ele, entre 70% e 90% dos poluentes do ar são produzidos pelos veículos. “A poluição ambiental é de duas a três vezes maior na cidade. Você fica muito tempo imerso no pior cenário”. O pesquisador é categórico ao confirmar a relação entre o tráfego urbano e o adoecimento da população. Segundo ele, apesar de nas grandes cidades a expectativa de vida ser maior do que em áreas rurais, onde há menor acesso a tratamentos de saúde, nos centros maiores o índice de doenças crônicas degenerativas e enfermidades psíquicas é muito superior. Em todo o mundo, 8% dos casos fatais de câncer de pulmão estão relacionados à poluição do ar. O efeito cumulativo da inalação contínua de nanopartículas e gases tóxicos como chumbo e cádmio podem causar outra série de problemas de saúde, que vão desde o aparecimento ou agravamento de doenças respiratórias, até problemas cardíacos, aumento da pressão arterial, diminuição da produção de lágrima, maior coagulação sanguínea, depressão, esquizofrenia e problemas reprodutivos. “A poluição do ar gera em pequena escala os mesmos efeitos que o cigarro causa de forma mais individual e rápida. Em São Paulo, 15% das pessoas fumam, mas a poluição do ar afeta 100% da população, por isso, o risco atribuído da poluição é significativa”, indica Saldiva. Só na região metropolitana paulista, cerca de 4 mil pessoas morrem todos os anos por problemas atribuídos à poluição do ar. O tráfego urbano também gera outros problemas já comprovados por estudos científicos. Em muitos lugares, é difícil dormir por causa do barulho e, mesmo quando os moradores pegam no sono, ele é de má qualidade. Isso afeta o sistema nervoso, a produção hormonal, além de gerar dificuldade de concentração e perda de memória.  Em cidades como São Paulo, as pessoas gastam quase um quarto do dia para se deslocar de casa para o trabalho. Situação que gera isolamento social e compromete o desenvolvimento. “Por causa da má qualidade do transporte público, as pessoas buscam os carros. A população está cada vez mais confinada, seja em casa ou no modelo particular de locomoção”, alerta Marília Flores Seixas de Oliveira, doutora em desenvolvimento sustentável e professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Uesb. Para a pesquisadora, a falta de convivência da comunidade no espaço urbano deixa a pessoa suscetível ao desenvolvimento de problemas como depressão e ansiedade, causados pela ausência de sociabilidade. “Hoje, a depressão pode levar à morte. As doenças não violentas estão matando muito”, comenta Marília de Oliveira.
Contexto que também gera o sedentarismo. Cada vez mais as pessoas vivem em escritórios e dentro de veículos. A falta de locais para se exercitar e a insegurança acabam servindo como justificativas para não praticar exercícios físicos, o que acarreta em inúmeras doenças potencializadas pelo estresse mental e a poluição."É hora de mudar as prioridades nesta "civilização" do carro, modificar o próprio estilo de vida, mas isso só acontecerá com medidas estruturais e uma gestão pública sustentável, não adianta só a boa vontade de alguns e sim, mudanças na realidade urbana, os cientistas já indicam o caminho do futuro", conclui Antônio de Pádua Padinha, indo à luta também por aqui neste blog nesse Dia Mundial Sem Carro. Ele sinaliza que mudar e avançar é possível, esta luta é que está por trás do evento de hoje.

 Fontes: www.ambientebrasilcom.br
               www.terra.com.br
               http://folhaverdenews.blogspot.com

8 comentários:

  1. Em São Paulo, 15% das pessoas fumam, mas a poluição do ar afeta 100% da população, por isso, o risco de doenças atribuído à poluição do ar é maior, dizem os especialistas Só na região metropolitana paulista, cerca de 4 mil pessoas morrem todos os anos por problemas da poluição do ar no trânsito.

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  2. A Organização Mundial da Saúde classifica a poluição atmosférica como um dos maiores perigos à humanidade e recomenda o fortalecimento do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e investimentos em energias renováveis, ou seja, uma realidade sustentável que equilibre aumento da economia com a proteção da ecologia e da vida.

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  3. O governo chinês investirá 100 bilhões de Yuan (US$ 16 bilhões) nos próximos três anos para lidar com a poluição do ar em Pequim. Para se ter ideia, desde o início de 2013 mais dias foram classificados como “insalubres” e “perigosos” na capital chinesa. E no Brasil quais são na realidade os investimentos para mudar e avançar a realidade urbana?...

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  4. “Nossas estimativas mostram que 3,5 milhões de mortes prematuras acontecem todos os anos por causa da poluição dentro das casas e outras 3,3 milhões pela poluição do ar nas ruas”, afirmou Maria Neira, diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS).
    O alerta foi feito durante a mais recente reunião da Coalizão do Clima e do Ar Limpo (CCAC) do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA), que foi realizada no último fim de semana em Paris. Informação da hora para o Dia Munbdial Sem Carro, hoje.

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  5. Se aumentarmos o acesso à energia limpa, os benefícios para a saúde seriam enormes. Não vemos esse argumento sendo usado ainda mais aqui frequentemente, mas está claro que preservar a vida humana é um dos fatores que devemos levar em conta para justificar os investimentos em energias como a solar e a eólica ou em combustíveis menos poluentes.

    Durante o encontro em Paris, foi deixado claro que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da ONU (MDL) possui um papel importante a cumprir e deveria ser fortalecido.

    O MDL funciona assim: iniciativas em países em desenvolvimento que reduzam as emissões recebem créditos, as Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), que podem ser comercializadas com os países ricos signatários do Protocolo de Quioto ou com qualquer outra nação que possua metas de emissão e aceite as RCEs como uma de suas “moedas”.

    Em setembro do ano passado, o MDL comemorou a marca de um bilhão de toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas graças a seus projetos.

    Atualmente existem mais de 4.500 projetos de 75 países registrados. São iniciativas que vão desde a substituição de fornos à lenha por modelos mais limpos e eficientes à aplicação de tecnologias que diminuem as emissões de gases do efeito estufa na geração de energia.

    Porém, a ferramenta foi vítima do problema do excesso de créditos de carbono nos mercados mundiais – causado principalmente pela crise europeia, que diminuiu a demanda por créditos – e hoje cada uma de suas RCEs vale menos de US$ 1. Um valor baixo demais para incentivar o desenvolvimento de novos projetos.

    Segundo a CCAC é preciso elevar esse preço, mas não foram apresentados os meios para que isso seja feito.

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  6. Mande vc tb a sua informação, comentário, post ou opinião aqui para o blog da ecologia e da cidadania: envie a sua mensagem para nós via o e-mail navepa@netsite.com.br

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  7. "A gente fez hoje cedo uma manifestação aqui no Aterro do Flamengo contra a poluição do ar e a violência do trânsito, foi a forma que encontramos hoje no Dia Sem Carro, reunimos muita gente além de uns 3 mil ciclistas": é a informação que nos envia por e-mail Gilberto Minck, do Rio de Janeiro.

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  8. O arquiteto Pereira nos manda por e-mail informação do site Ambiente Brasil que resume o tema de nossa postagem de hoje aqui no blog: Poluição dos veículos causa 4,6 mil mortes ao ano em São Paulo: segundo a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, esse tipo de poluição é responsável pela redução de 1,5 ano de vida da população na região metropolitana de São Paulo, que concentra em seus 38 municípios mais de 20 milhões de pessoas.

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