Prefeito de Nova York perde batalha para Coca-Cola que pode perder espaço agora no México
Aqui no Brasil esta questão ainda não atingiu um nível de guerra na mídia, tal como já está acontecendo nos Estados Unidos e no México, países onde também os índices de diabetes e de obesidade estão entre as principais preocupações da população com a saúde: "Além de uma alimentação mas natural, a prática de exercícios e uma nova compreensão da saúde, privilegiando-se a prevenção e não as doenças são alguns dos caminhos para a solução", comenta o repórter e ecologista Padinha, editor do nosso blog
Folha Verde News que hoje resume aqui algumas das principais informações da repórter Amy Guthrie, do
Wall Street Journal, bem como a análise feita pela cientista especializada Ana Beatriz de Noronha, professora-pesquisadora da
EPSJV/Fiocruz, comentando a campanha de conscientização pública contra o excesso de açúcar em
refrigerantes no México. Estes dois textos estão em destaque na edição deste domingo do site brasileiro de assuntos socioambientais
EcoDebate. A batalha contra os refrigerantes açucarados, salientada na tentativa
fracassada do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, de proibir
refrigerantes grandes, se espalhou agora para o México, há muito um dos
principais mercados da
Coca-Cola Co. Durante essa temporada de verão no hemisfério norte, uma campanha de
conscientização pública espalhou anúncios por ônibus e outdoors pela
Cidade do México, mostrando uma pilha com 12 colheres cheias de açúcar
ao lado de uma garrafa de 600 mililitros de refrigerante. Os anúncios
perguntam: “Você comeria 12 colheres de açúcar? Por que você bebe
refrigerante?”...Para a professora Ana de Noronha, esta campanha no México trata de uma grande variedade de temas de interesse da
saúde, abordando questões nutricionais e de insegurança alimentar, a
relação entre obesidade e diabetes, e até mesmo alguns aspectos
interessantes que reforçam a necessidade de se regular a propaganda de
alimentos e bebidas, ambos os produtos sujeitos à vigilância sanitária. A reportagem, no entanto, não fala apenas sobre saúde, mostrando em várias
passagens, que a relação entre economia e saúde é quase sempre
conflituosa e que, geralmente, a grande perdedora nessa batalha é a
saúde. O título da matéria –
‘Guerra contra refrigerantes ameaça
Coca-Cola no México’ – é bastante alarmante e um pouco exagerado, uma
vez que ainda estamos muito longe de, em nome da saúde e do respeito à
vida, conseguir abalar o poder que a indústria de alimentos e bebidas
detém, conclui a pesquisadora brasileira Noronha.
O relatório
‘O estado dos alimentos e da agricultura – 2013: sistemas alimentares para melhoria da nutrição’,
lançado recentemente pela Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura
(FAO), afirma que 32,8%
dos mexicanos estão obesos e que o país ultrapassou os Estados Unidos na
prevalência de obesidade. Mas isso não é tudo: o mesmo documento diz
que 70% da população mexicana apresenta sobrepeso. E, se em 1988, a
obesidade atingia menos de 10% dos mexicanos, hoje o quadro se
transformou num enorme problema de saúde pública. As causas para esse crescimento acelerado dos casos de obesidade são
inúmeras e é realmente impossível, como afirma, na matéria, o diretor da
associação de engarrafadores de refrigerantes do México, Emilio
Herrera, “apontar um único produto como causa desse problema”. O
relatório da
FAO, no entanto, afirma que não há dúvidas de que o
resultado alcançado pelo país se deve à adoção, pela população
sedentária, de uma dieta baseada em bebidas açucaradas, alimentos
industrializados e fast food, em detrimento do consumo diário de grãos e
vegetais frescos. O relatório também ressalta o fato de o México ter
que lutar contra a obesidade ao mesmo tempo em que ainda necessita
combater a fome e a desnutrição, causada muitas vezes pela ingestão de
uma dieta pobre em micronutrientes, especialmente entre a população mais
pobre e os jovens. Ainda segundo a
FAO, as causas imediatas da má nutrição – desnutrição,
carências de nutrientes, sobrepeso e obesidade – são complexas e
multidimensionais. Elas envolvem, entre outras coisas, a
indisponibilidade de uma quantidade suficiente de alimentos inócuos,
variados e nutritivos, ou a falta de acesso a eles; a falta de acesso à
agua potável, ao saneamento e à atenção sanitária; ou ainda a
alimentação inapropriada de crianças e adultos. Por outro lado, as
causas fundamentais da má nutrição são ainda mais complexas, como aponta
o relatório, estando relacionadas a questões econômicas, sociais,
políticas, culturais e físicas mais amplas. O enfrentamento eficaz das questões ligadas à má nutrição depende,
portanto, de medidas integradas e intervenções que envolvem a
agricultura e o sistema alimentar em geral, a saúde pública e a
educação. Além disso, é necessário apoio político de alto nível que
permita coordenar a atuação dos diferentes setores.Para serem considerados saudáveis, os alimentos devem, entre outras
coisas, ser naturais e ter alto valor nutritivo, ou seja, devem fornecer
ao nosso organismo, ao menos alguns dos nutrientes necessários à
manutenção da nossa saúde: proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e
minerais. Pela rotulagem nutricional da
Coca-Cola, no entanto, fica
claro que a bebida só fornece aos seus consumidores os carboidratos
vindos do açúcar, não tendo, portanto, nenhum valor nutritivo. Uma
latinha da bebida (350ml) fornece ao nosso corpo quase 150 calorias
“vazias”, muitas substâncias artificiais e mais nada, o que faz cair no
ridículo a afirmação da porta voz da empresa no México, de que a
companhia só fabrica produtos saudáveis. A campanha publicitária, ou como preferem os especialistas no assunto
“estratégia de marketing”, que no Brasil levou o nome de
‘Energia
Positiva’ e que no México foi lançada com o slogan
“149 calorías de
felicidad”, busca associar o consumo de refrigerante a uma vida ativa e
saudável, o que parece ser uma grande contradição. Isso ainda se torna
pior quando a empresa alega assumir um compromisso com a informação
nutricional transparente e com o marketing responsável para crianças. O fato é que, cada vez
mais, no mundo todo, as empresas de bebidas e alimentos considerados não
saudáveis buscam associar sua imagem às questões de saúde, ecologia e
sustentabilidade, sem que desta forma quase nada possa ser feito pelas autoridades
sanitárias. Qualquer tentativa de se regular a propaganda do setor
esbarra no uso equivocado da defesa da “liberdade de expressão” e do
“direito à informação”, como mostra a fala do presidente da subsidiária
da Coca-Cola no México. Os fabricantes de refrigerantes alegam ter a seu favor a inexistência
de provas científicas que comprovem a relação direta entre o consumo
dessas bebidas e a obesidade e o diabetes .
O caso é que também não há estudo que comprove algum benefício da
ingestão dessas bebidas por adultos ou crianças e muitos chegam a
mostrar indícios de prováveis malefícios. Sendo assim, cabe perguntar se
não seria adequado basear futuras discussões sobre esse tema no chamado
Princípio da Precaução, segundo o qual a ausência da certeza científica
formal sobre a existência de risco de um dano sério ou irreversível à
vida requer a implementação de medidas que possam prever este dano.
Proposto formalmente já na
Conferência ECO 92, o
Princípio da Precaução
tem uma clara e decisiva utilização na Bioética pode ser entendido como
uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado
atual do conhecimento, "mas até hoje não se criou uma cultura de alimentação, de hábitos, de vida que representem a melhor alternativa dentro da estrutura das sociedades de consumo, onde no mais das vezes o interesse econômico prevalece sobre o da saúde", argumenta aqui no blog da ecologia e da cidadania Antônio de Pádua Padinha: "Precisamos agora e sempre alertar sobre a urgência de se implantar em todos os níveis da realidade um desenvolvimento sustentável, equilibrando-se o atendimento às necessidades da saúde pública e da ecologia humana com os interesses do mercado de produtos nas atuais sociedades de consumo, seja em Nova York ou em Capetinga".
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Dentro da "ditadura" das atuais sociedades de consumo... |
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...a busca pela saúde entra em choque ou em guerra |
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...entre a ecologia humana e os interesses do mercado |
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Uma alimentação mais natural, exercícios... |
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...sem produtos industrializados, sem agrotóxicos ou transgênicos... |
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...são uma nova forma de viver sustentável |
Fontes: www.ecodebate.com.br
Wall Street Jornal
http://folhaverdenews.blogspot.com
Nessa guerra saúde vs. mercado a campanha de conscientização pública espalhou anúncios por ônibus e outdoors pela Cidade do México, mostrando uma pilha com 12 colheres cheias de açúcar ao lado de uma garrafa de 600 mililitros de refrigerante. Os anúncios perguntam: “Você comeria 12 colheres de açúcar? Por que você bebe refrigerante?”...
ResponderExcluirTambém no setor da alimentação, da saúde pública, dos hábitos e do mercado de consumo cada vez é mais urgente uma gestão governamental de desenvolvimento sustentável, equilibrando os interesses econômicos com a busca da ecologia por parte da população.
ResponderExcluirDentro desta necessidade de mudanças, o controle dos agrotóxicos, o limite aos transgênicos, a proibição de todo os tipos de aditivos perigosos ou venenosos, cada vez mais ficam mais essenciais os alimentos orgânicos, a dieta natural, o consumo de frutas, verduras, sucos, água de boa qualidade, exercícios físicos...
ResponderExcluirResumindo estes comentários anteriores, o que seria a melhor alternativa de solução atual? As pessoas, todas elas se possível, se tornarem ecologistas. Mas dentro da liberdade de opções de cada um, pelo menos, esta nova cultura da vida deveria ser mais valorizada dentro da realidade.
ResponderExcluirEsta questão de toda a sociedade de consumo, seja em Nova Iorque ou nas menores cidades do mundo, o conflito entre os interesses de mercado e os da saúde pública este é o centro dos problemas e da busca de solução.
ResponderExcluirMande para o blog de nossa redação o seu comentário ou opinião sobre esta "guerra" entre a saúde X o interesse do mercado: você acha que existe uma "ditadura" de consumo? Envie o seu e-mail para navepad@netsite.com.br
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