Os jacarés descansam nos bancos de areia enquanto uma iguana se lança no mangue, uma onça rala as unhas na casca da árvore e no céu um jaburu abre as asas e sua sombra nas águas do rio Paraguai pelo tasmanho parece um avião: no Pantanal, a natureza é generosa, mas este santuário de biodiversidade no coração da América do Sul continua ameaçado pela agricultura intensiva e pelo desmatamento. Ambientalistas com apoio da World Wildlife Fund (WWF) soaram o alarme há trinta dias atrás no Dia Mundial das Zonas Úmidas, para resgatar este santuário do Mato Grosso mas a grande mídia não deu espaço às denúncias e preocupações dos ecologistas, o Governo não se posicionou, silenciou, o Código Florestal pode vir a ser uma ameaça-extra se for aprovado tal como está sendo elaborado por parlamentares da Câmara e do Senado no Congresso Nacional. Este alerta foi feito hoje mais uma vez por e-mail ao blog Folha Verde News pelo professor de Biologia, José Amado Santos, que é do Mato Grosso e veio a São Paulo neste final de semana para participar do Banner Vivo dentro da campanha Veta, Dilma do movimento ecológico e de cidadania, lutando contra os pontos mais ruralistas e/ou mais ameaçadores do novo Código Florestal, prestes a entrar em pauta novamente em Brasília.
Cientistas e ecologistas se apoiaram para a denúncia sobre o alto risco de extinção do Pantanal em um estudo inédito publicado após três anos de pesquisas, realizado por cerca de 30 especialistas de quatro países (Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina), que compartilham a bacia do rio Paraguai, que nasce no Mato Grosso e percorre 2.600 km antes de desaguar no Rio Paraná, na Argentina. Segundo a WWF, esta região que se estende por 1,2 milhão de km2 corre um grave risco ecológico. O biólogo Glauco Kimura, coordenador do programa "Water for Life" ("Água para a vida") é categórico: "o Pantanal está ameaçado. Isto pode parecer surpreendente, mas é a triste realidade. Nosso estudo demonstra que 14% da bacia do rio Paraguai deve ser protegida de maneira urgente".
Antes de percorrer de barco as curvas do rio Cuiabá, sobrevoado por algumas aves de rapina e por uma série de papagaios coloridos, Kimura e sua equipe se detêm na floresta da Chapada dos Guimarães. A vista é excepcional. Mostra, de longe, o exuberante Pantanal, verdadeiro santuário ecológico. Mas é do alto, no Planalto (conhecido também como "Cerrado"), que vem o perigo. "Comparo esta região a um prato", explica o ecologista. "O Planalto nas bordas e o Pantanal no fundo do prato. E o segundo sofre com os excessos do primeiro". O desmatamento, a agricultura excessiva e com o uso de agrotóxicos, o desenvolvimento urbano desordenado ou a multiplicação de represas hidroelétricas são alguns dos riscos para as águas que alimentam o Pantanal. Percorrendo o Cerrado, são descobertos milhares de hectares de explorações agrícolas, sobretudo de soja. Em meio dos campos que se perdem de vista, um trator lança um líquido amarelo com um forte odor químico. São herbicidas. Cerca de 15% da cobertura vegetal do Pantanal já foi destruída pelos cultivos de soja e pelos pastos para o gado.Isto alarma também o canadense Pierre Girard, especialista em hidrologia do Centro de Pesquisas do Pantanal (um instituto independente): "A soja é cultivada onde nascem os rios que alimentam e formam posteriormente o Pantanal. Há riscos de erosão, mas também de contaminação do Pantanal", assegura Girard, um dos autores do estudo e das denúncias. Realizado em colaboração com a ONG The Nature Conservancy, o estudo patrocinado pela WWF insiste na necessidade para os países e as regiões envolvidas de unir seus esforços. "Não há mais lugar para os cultivos abundantes como se existisse um estoque infinito de floresta nativa a destruir e de água doce a contaminar", afirma Kimura. Para o biólogo, a proteção da bacia do rio Paraguai - onde apenas 11% do território é atualmente uma zona protegida - é vital para conservar a extraordinária riqueza da fauna e da flora, que possui 4.500 espécies diferentes. "É super necessário proteger as fontes de água, criar mais zonas protegidas e melhorar as práticas agroalimentícias", fala o biólogo em nome da ecologia do Brasil.
O Pantanal está ameaçado pela agricultura intensiva e pelo desmatamento; veja fotos
Um homem contra o desequilíbrio do ciclo hidrológico do Pantanal
Em Brasília nesta semana o maior defensor da preservação do Pantanal Mato-Grossense, o ecologista e advogado Luiz Antônio Franco reiterou as conclusões des estudo da WWF. Para ajudar a preservar um dos maiores santuários ecológicos brasileiros, o Pantanal, Luiz Antônio Franco criou, com recursos próprios, a FÉ – Fundação Ecológica em 5 de junho de 1987, num Dia Mundial do Meio Ambiente há 25 anos atrás. Sua luta de 25 anos em defesa da preservação da natureza vem até de antes dessa data, é a motivação maior de sua vida, como diz Luiz Antônio, hoje considerado um dos maiores ecologistas do Brasil e do planeta, só agora começa a ser conhecido no país e em todos os países integrantes do Mercosul. Ao longo desses anos, a luta de Luiz Antônio Franco teve também alguns êxitos e conquistas. Sua luta em defesa da natureza garantiu o reconhecimento do então presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, dois prêmios internacionais, e a participação na ECO 92 na qualidade de conferencista sobre educação ambiental. Além de reconhecido por Athayde – que escreveu vários artigos e, aos 92 anos de idade, visitou o Pantanal – o trabalho de Luiz Antônio Franco levou a Rede Globo a criar o hoje renomado Globo Ecologia. As ideias para criar o programa foram passadas por Franco ao filho de Austregésilo de Athayde, então diretor da emissora. Graças ao trabalho do ecologista e advogado o Brasil conta hoje com uma moderna legislação ambiental – a Lei nº 7.653, de 12/02/1988 – já oficializada pelo Congresso Nacional. A lei criou e introduziu na legislação brasileira os seguintes instrumentos legais de preservação da natureza:
- Proibição de matar animais silvestres – a prática se tornou crime inafiançável punível com pena de reclusão de 2 a 5 anos.
- Perecimento da ictiofauna – puna severamente, inclusive o co-autor, por uso de agentes químicos e agrotóxicos e outros processos predatórios.
- Período da piracema – a Lei proíbe a pesca em tempo reservado para a reprodução da ictiofauna (peixes).
- Proibição da pesca predatória – a Lei proíbe o uso de métodos inadequados na captura de peixes.
- Seguro Piracema – Lei federal ampara o pescador profissional com o seguro desemprego, durante o período da proibição da pesca, promovendo o justo equilíbrio social do homem.
Por meio de seu estatuto, a FÉ – Fundação Ecológica ofereceu subsídios ao Capítulo do Meio Ambiente (artigo 222), da Constituição do Estado do Mato Grosso do Sul, elaborado com a participação de ambientalistas de todo o país, como Fábio Feldmann e Randáu de Azevedo Marques. As contribuições englobam a promoção de educação ambiental, preservação do patrimônio genético, proibição de desmatamentos indiscriminados, combate à erosão, fiscalização de garimpagem, o controle das atividades pesqueiras, a criação de um banco de dados sobre meio ambiente, entre outros. Ou seja, legislação existe, falta vontade política, por em prática as leis, que ofendem megainteresses e lobbies de poder e - além do mais - conforme comenta Antônio de Pádua, o ecologista Padinha, ao editar esta matéria para o blog Folha Verde News, "O mais essencial neste momento será o governo e os agroempresários desenvolverem uma gestão nova, ética, implantando o Desenvolvimento Sustentável no meio rural do interior do Brasil". E com certeza, esta necessidade passa pelo veto da Presidente Dilma Rousseff aos pontos mais equivocados ou ameaçadores do novo Código Florestal tal como está agora.
Uma das maiores reservas de vida do Brasil e de todo o planeta ameaçada de destruição |
Esta espécie de jaburu gigante um dos símbolos do Pantanal |
Uma imagem que celebra a ecologia da natureza e da vida no Pantanal |
Um estudo patrocinado pela WWF em quatro países faz um raio X ... |
...e revela os maiores riscos do momento para a vida do Pantanal |
Advogado e ecologista Luiz Antônio Franco participa da campanha Veta, Dilma |
www.agenciamazonia.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com
Neste dia em que está acontecendo em variadas regiões do Brasil, como em São Paulo, no Rio, em Brasília, no Amazonas e no Rio Grande do Sul, manifestações da campanha Veta, Dilma (movimento da cidadania e da ecologia pedindo o veto presidencial ao Código Florestal formulado por parlamentares no Congresso), neste instante da vida nacional, aumenta a importância de denúncias e informações desta matéria.
ResponderExcluirFazer vigorar as leis ambientais, também estimular o bom senso e a ética dos parlamentares, como também e especialmente, implantar desde já um programa de Desenvolvimento Suistentável no país, na gestão pública e privada, nos meios rural e urabano, também são outras prioridades para o reequilíbrio do meio ambiente e o aumento de chances de vida ao futuro do Brasil e do próprio planeta.
ResponderExcluirHá mais de 2 anos, paralelamente aos debates sobre Monte Belo, megahidrelétricas, termelétricas e nucleares, necessidade de implantação de energia Eólica e Solar, mudanças no Código Florestal, aumento da cidadania como canal para mudar a realidade do país e defesa da ecologia, dentro de um programa de Desenvolvimento Sustentável, não-violência já, estes têm sido alguns dos temas mais constantes de nosso blog em busca da criação do futuro.
ResponderExcluirParece óbvio (e e) mas para a criação do futuro da Nação e da vida, é fundamental mudar a atual realidade de violência contra o meio ambiente e o ser humnano no Brasil, que está virando o país da desnatureza.
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