Uma bomba no futebol: de Ribeirão Preto para o mundo
Seleção Cubana pode ter Sócrates como técnico
Aqui, nos anos 80, quando ajudou a liderar publicamente o movimento Diretas Já |
O ex-meia Sócrates, ídolo do Corinthians e da seleção brasileira, pode voltar a atuar ativamente no futebol. E à frente a Seleção de Cuba. O ex-jogador deve se reunir ainda neste mês com representantes deste país para discutir a possibilidade de "colaborar" com a seleção nacional de futebol da terra de Fidel, Che Guevara e do antiamericanismo. Sócrates disse que ainda não existe nada concreto. Também não informou se será treinador. "No que eu puder ajudar, eu vou ajudar", afirmou ontem.
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O ex-jogador disse que a possibilidade de ir para Cuba foi levada a ele por amigos, que vão colocá-lo em contato com a diplomacia cubana.
A reportagem procurou ontem a embaixada de Cuba em Brasília, mas não obteve informações sobre o assunto.
Se fechar com o país de Fidel Castro, Sócrates terá pela frente o desafio de comandar uma seleção inexpressiva internacionalmente --o país só disputou uma Copa até hoje.
"Mas Cuba terminou a última eliminatória sem perder. Foi desclassificada, mas saiu invicta", comentou Sócrates.
O ex-atleta também reconheceu não saber "quase nada" da atual situação do futebol cubano, mas que, ainda assim, seria um "desafio interessante" dirigir a seleção.
"O futebol nunca foi o esporte predileto deles [dos cubanos]. Talvez seja isso [que explique seu fraco desempenho]", disse o ex-jogador.
Mais do que um retorno ao mundo do futebol, Sócrates, 57, vislumbra a possibilidade de se aproximar ainda mais de uma de suas paixões.
Socialista assumido, ele diz que a chance de atuar na seleção cubana tem um peso bem mais ideológico do que o do próprio futebol.
A paixão de Sócrates por Cuba não é de hoje. Um dos seus filhos foi batizado como Fidel em homenagem ao ex-ditador Fidel Castro, que comandou a ilha até 2006.
Em entrevistas anteriores, o ex-jogador disse que o país dos irmãos Castro é o "símbolo de um sonho" de igualdade de oportunidades.
Um jogador que sempre se caracterizou por um futebol diferente, original, cerebral |
Não tinha nada de superatleta como o seu irmão mais novo, Raí |
Uma provocação de Sócrates, fala de Cuba para criticar o futebol do Brasil? |
Na concepção de Sócrates, esse sistema de Cuba pautado pela igualdade tem relações com a chamada Democracia Corintiana, período da história do time paulista em que as decisões mais importantes eram tomadas por meio do voto democrático.
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Nessa época, no início da década de 80, fala ele, o voto do roupeiro do Corinthians valia o mesmo do que o do presidente da agremiação.
Dentro desse espírito de igualdade, Sócrates, jogador do Brasil nas Copas de 1982 e 1986, diz ter uma única exigência para treinar Cuba: quer ganhar o mesmo salário pago a qualquer trabalhador.
"Disso eu não abro mão. Tenho que me sentir como um cubano, receber a mesma cesta básica, as mesmas coisas que eles têm lá, que não é pouca coisa, não."
Talvez a estratégia do Dr. Sócrates seja fazer no exterior e num pequeno país o que ele gostaria que fosse feito no futebol brasileiro e a sua tática, contrapor a um futebol cheio de estrelas e excesso de comercialismo, uma equipe com espírito quase amador, amor a seu país e guerreira.
Duas frases antológicas do Dr. Sócrates que mostram sua filosofia de jogo
"O futebol é o único esporte em que o pior pode vencer o melhor, desde que o time mais fraco jogue fechado e no contrataque com inteliugência, explorando os erros do adversário".
"Futebol não se joga com os pés e sim com a cabeça".
Fontes: folha.com
France Press
http://folhaverdenews.blogspot.com
Ainda nos anos 80, o nosso editor de conteúdo Padinha entrevistou Sócrates em São Paulo, quando estava chegando ao Corinthians: foi nesta ocasião que ele disse esta frase antológica: "Futebol se joga mais com a cabeça do que com os pés", para se livrar das críticas da imprensa, que o viam como magro demais (seu apelido entre os atletas era Magrão), antiatleta, boêmio, político, intelectual (formado em Medicina). Porém, ele liderou o Corinthians (e a Democracia Corinthiana) que teve uma fase de ouro e integrou a Seleção de 82, comandado por Telê Santana e ao lado de craques como Zico, Júnior, Casagrande, Careca, que talvez tenha sido a que melhor representou o futebol-arte brasileiro, embora tenha perdido a Copa da Espanha. Este é o Sócrates, um jogador e um homem que usa a contradição e que gosta de grandes desafios. Mesmo que não vá a dirigir Cuba, esta situação já provocou algo diferente na rotina do Futebol S/A de hoje em dia. Como socialista romântico, ele sempre gostou de se unir aos mais fracos contra os mais poderosos. Repete a tática agora.
ResponderExcluirO site da Carta Capital (Mino Carta) através do jornalista e amigo de Sócrates, Reinaldo Canto está reproduzindo esta reportagem daqui do FVNews lá e tb na RedePV.
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