Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo - direto de Brasília manda online para todo o país a informação: a ex-ministra do Meio Ambiente, ecologista Marina Silva saiu de uma reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, na qual estiveram presentes também representantes de diversas Organizações não-governamentais (ONGs). Na reunião, o governo deixou claro o seu descontentamento com o texto apresentado na noite de ontem pelo relator do projeto do novo Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
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A ex-ministra e líder verde Marina Silva, ao sair da reunião, disse que o governo, como tem maioria no Congresso, pode barrar a votação do texto do novo Código. "Apelamos ao governo para não colocar isso em votação. Com certeza, se ele quiser (governo), ele consegue parar. Não é questão de chegar a 95% de consenso. Os 5% que faltam são de fundamental importância", declarou.
"O Código Florestal precisa de mudanças, mas não desse jeito", disse Marina, argumentando que o novo texto está "cheio de pegadinhas". "Apenas aparentemente acata as propostas apresentadas pelos ambientalistas, pelos cientistas", criticou. Para a ex-ministra, "é uma imprudência e um desrespeito ao processo democrático fazer esta votação". "O que está aí parece avanço, mas não é", afirmou, parecendo querer dizer que seria uma temeridade ou um retrocesso. Marina disse que o ministro Palocci informou que o texto não está fechado e que a pressa para a votação é do Congresso (ou da bancada ruralista) não do Governo, lembrando que o Executivo não pode interferir no parlamento. Palocci fez questão de dizer ainda que o Governo não vai trabalhar pela aprovação da nova versão da proposta. Marina lembrou que "tudo mundo virou a noite tentando entender esse novo texto" e que essa nova redação mostra que "estão discutindo política ambiental olhando no retrovisor". Para ela, "a discussão está sendo feita com só um lado" e argumentou que isso "é inaceitável" porque é essencial elaborar um Código Florestal para todo o País.
A ex-ministra, os ecologistas e a Frente Ambientalista informaram que vão pedir uma audiência com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para pedir que a matéria não seja colocada em votação, sob a argumentação de que não há tempo para que "se entenda e discuta o que foi colocado no texto". "É açodado e precipitado colocar isso em votação agora. Não se pode ter uma lei de um só segmento", completou Marina, isso, além de o projeto na visão de analistas ter virado uma "colcha de retalhos".
Aqui os 12 pontos críticos apontados pelo PV no texto do novo Código Florestal:
1) Considerar como consolidados desmatamentos ilegais ocorridos até julho de 2008 (Artigo 3º, inciso III);
2) Permitir a consolidação de uso de áreas de proteção permanentes (APPs) de rios de até 10 metros de largura, reduzindo a APP de 30 para 15 metros irrestritamente, para pequenas, médias e grandes propriedades;
3) Permitir autorização de desmatamento dada por órgãos municipais. O PV considera que, caso isso seja feito, colocará em risco, principalmente, áreas da Amazônia.
4) Permitir a exploração de espécie florestal em extinção, por exemplo, a Araucária, hoje vetada pela Lei da Mata Atlântica;
5) Dispensar de averbação a Reserva Legal no cartório de imóveis;
6) Criar a figura do manejo "agrosilvopastoril" de Reserva Legal. Agora, o manejo de boi será permitido em Reservas Legais;
7) Ignorar a diferença entre agricultor familiar e pequeno proprietário estendendo a este flexibilidades cabíveis aos agricultores familiares;
8) Retirar quatro módulos fiscais da base de cálculo de todas as propriedades (inclusive médias e grandes) para definição do porcentual de Reserva Legal. Isso, no entender do PV, significa milhões de hectares que deixariam de ser considerados Reserva Legal;
9) Permitir a pecuária extensiva em topos de morros, montanhas, serras, bordas de tabuleiros, chapadas e acima de 1,8 mil metros de altitude;
10) Ao retirar do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) o poder de regulamentar as APPs retirou-se, também, a proteção direta aos manguezais. Utilidade pública e interesse social deixam de ser debatidos com a sociedade no Conama;
11) Abrir para decreto - sem debate - a definição do rol de atividades "de baixo impacto" para permitir a ocupação de APP, sem discussão com a sociedade;
12) Definir de interesse social qualquer produção de alimentos, por exemplo a monocultura extensiva, para desmatamento em APP. Segundo o PV, isso permitiria o desmatamento em qualquer tipo de APP...
ENFIM, PARTICIPAÇÕES BRILHANTES DOS VERDES E TAMBÉM MOBILIZANDO A CIDADANIA DAS LIDERANÇAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NO LOBBY RURALISTA, UM SINAL DE ESPERANÇA NÃO PARA O PV E/OU PARA O CÓDIGO FLORESTAL SOMENTE E SIM PARA O ECODESENVOLVIMENTO, VIDA E FUTURO DA NAÇÃO.
(APP, Antônio de Pádua Padinha, Folha Verde News, RedePV, MMS).
Cientistas, ambientalistas, Verdes sob a liderança de Marina Silva ganhamos uma batalha mas ainda não o avanço necessário para o país, a bem da economia, da ecologia, da população e do futuro do Brasil. Continuamos indo à luta com este objetivo maior.
ResponderExcluirNão se trata apenas da Bancada Verde, nem só de Marina Silva, nem somente da Frente Ambientalista, não depende apenas da visão da atual Ministra do Meio Ambiente ou da cidadania de algumas lideranças do PT que não se submetem ao lobby dos ruralistas: cientistas da SBPC e da ABC, diretor da ANA, as mais respeitadas entidades ambientalistas do país e do planeta, enfim, se trata de toda uma opinião que se forma na discussão de mudanças no Código Florestal, não para pior e sim para melhorar as condições de casamento entre a economia rural e a ecologia da natureza, avançando o Brasil definitivamente para um conteúdo digno do Século XXI, a bem da população, a favor do futuro da vida.
ResponderExcluirDo G1 DF
ResponderExcluirAtivistas do Greenpeace abriram, no início da tarde desta terça-feira uma faixa de 30 metros de comprimento em frente ao Congresso Nacional para protestar contra novo texto do Código Florestal, prevista para ocorrer talvez amanhã ou nesta semana. A faixa pede que o Congresso "desligue a motosserra".
Faixa de 30 metros foi aberta em frente ao Congresso Nacional nesta terça em Brasília.
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ResponderExcluirConfira alguns dos pontos polêmicos do projeto de novo código florestal
1. Topos de morros e encostas, que via de regra são Áreas de Proteção Permanente (APP), poderiam ser utilizados para plantio de culturas que hoje já utilizam essas áreas, como café, maçã e pecuária extensiva.
2. O novo texto de Aldo Rebelo fixa uma área de preservação ao longo de cursos d'água. No caso de a exigência de preservação de 30 metros, por exemplo, não deixa claro se é obrigatória uma área de preservação de 15 metros de cada lado dos rios ou se é possível cumprir os 30 metros apenas em uma margem e utilizar o outro lado do rio para plantio à vontade.
3. O texto mais recente apresentado por Aldo Rebelo estabelece também que os proprietários de pequenos módulos rurais (de 20 a 400 hectares) poderão manter apenas o percentual de vegetação nativa que possuíam até 2008. A iniciativa acaba por penalizar aqueles que cumpriram a legislação ambiental no passado, uma vez que o reflorestamento de áreas degradadas nesses módulos fiscais não seria obrigatório.
4. O projeto daria ainda aval para que governos estaduais e municipais declarassem uma área como "interesse social" para produção de alimentos, abrindo brechas para mais desmatamento.
5. A proposta de Aldo Rebelo promove por fim uma anistia à multa de desmatadores, permitindo que as penalidades fiquem suspensas desde que o infrator se comprometa a recuperar a área degradada.
(Comentário da repórter Laryssa Borges, em matéria no site Terra).