Comunicação impossível
Estávamos numa Convenção do Partido Verde, em Itu. O Padinha não parava quieto. Sentava-se, levantava-se, andava, conversava, ria, gargalhava, enfim, estava completamente eletrizado. Em dado momento, ele se aproximou de mim acompanhado por um casal. O homem era candidato a deputado por uma cidade da grande São Paulo e a mulher, sua esposa. Devidamente apresentados, Padinha pôs-me sentado entre eles e saiu. Procurei entabular conversação com o candidato. Porém, mudo estava e mudo ficou. Puxei conversa com a mulher sentada ao meu lado e nada. Pareceu-me que o casal não era de prosa. Então, fiquei na minha: calado e até imóvel. Padinha continuava zanzando e falando por tudo quanto era canto. Ao perceber sua passagem, não tive dúvidas: levantei-me rapidamente da poltrona e o agarrei pelo braço. Distanciamo-nos do casal o tanto suficiente para não sermos ouvidos e nem importunados. Foi aí que disse ao Padinha:
- Você me põe em cada fria! Você me deixa entre duas múmias e cai fora. Isso não é coisa que se faça.
-Como assim ?, indagou ingenuamente o Pádinha. E eu:
-Você me deixa sozinho no meio de um casal esquisito e incomunicável e some por aí. Eles não queriam conversa. Por mais que eu tentasse puxar um dedo de prosa, eu só ouvia alguns suspiros.
E o Padinha, soltando uma sonora gargalhada:
-Desculpe-me, Chacha, desculpe-me. Esqueci-me de avisar-lhe que o casal era surdo e mudo.
Um outro caso semelhante ocorreu comigo numa bela manhã de outono. Estava em minha casa e o interfone tocou. Atendi-o prontamente e não obtive resposta. Para certificar-me, abri a porta e perguntei :
-Quem é ?
E nada, nem um ruído sequer. Fechei a porta e o interfone voltou a tocar imediatamente. Tornei a abrir a porta e, já gritando, perguntei quem era. Nada, novamente nada. Nem bem fechei a porta e o interfone tocou de novo. Desta vez eu perdi a paciência e xinguei o inoportuno de tudo quanto era nome. Foi aí que uma professora que trabalhava comigo num grupo de pesquisa vinha chegando e disse:
-Acalme-se, Professor, acalme-se. O rapaz é surdo-mudo. Ele simplesmente está vendendo cabides.
Chiachiri Filho
(Historiador, criador, diretor por oito anos do Arquivo Municipal e membro da Academia Francana de Letras, membro do PV Franca, suplente de Vereador, liderança verde e de cidadania)
José Chiachiri Filho entre Herculano (Prefeito de Itu) e nosso editor do blog Folha Verde News em encontro do Partido Verde |
http://folhaverdenews.blogspot.com/
Mestre de política da Franca, onde foi vice-Prefeito de Maurício Sandoval Ribeiro (Grupo Novo)e depois, secretário municipal de Projetos Especiais,José Chiachiri Filho só não é Vereador na atual Câmara Municipal porque foram reduzidas as vagas de 24 para 17 vereadores pouco antes das eleições de 2008. Além do resumo feito sobre ele na matéria, vale dizer que Chiachiri é também autor, por exemplo, de uma história de Franca em versos, para crianças.
ResponderExcluirAo comentar a crônica, Antônio de Pádua, o ecologista Padinha disse que é bem melhor ser "vítima" ou tema de um humor tão inteligente do que elogiado por alguém mediocre.