O Ministério Público Federal acredita que possa ter repercussão internacional em júri sobre o caso do líder indígena, morto há 8 anos no Mato Grosso do Sul: a Justiça transferiu o caso para São Paulo, a pedido do MPF, por reconhecer a falta de isenção de um júri no estado onde se deram os fatos. O julgamento foi remarcado para hoje.
Acampados na terra indígena Takuara, na Fazenda Brasília do Sul, os Kaiowá sofreram ataques entre os dias 12 e 13 de janeiro de 2003, por parte de quatro homens armados que teriam sido contratados para agredi-los e expulsá-los daquelas terras. Armados com pistolas, eles ameaçaram, espancaram e atiraram nas lideranças indígenas. O cacique Marcos Verón, à época com 72 anos, foi encaminhado a um hospital da região com traumatismo craniano, mas não resistiu. Pelo assassinato respondem, entre outros, os autores do habeas corpus agora impetrado ao STF: Carlos Roberto dos Santos, Estevão Romero e Jorge Cristaldo Insabralde. O MP ofereceu denúncia, ainda, contra Nivaldo Alves de Oliveira e outras 24 pessoas que estariam envolvidas no crime.
![]() |
Imagem do cacique Veron à esquerda da foto |
![]() |
Índios Kaiowá-Guarnai da região de Dourados (MS) |
![]() |
Crianças da aldeia Kaiowá-Guarani em Jeti perto de Dourados onde vivia Veron |
Apesar de continuar com o entendimento de que “os índios têm direito a falar no seu idioma”, segundo Gonçalves, o MPF deverá, dessa vez, acatar o que for decidido pela juíza. “A gente confia muito na prudência da doutora Paula Montovani”. Após o acontecimento, o procurador Vladimir Aras deixou o caso.
O advogado que defende os réus, Josefino Ujacow, classificou como “deselegância” o fato do procurador Aras ter abandonado o tribunal. Para ele, não existe motivo para o uso de tradutor. “Durante a fase processual, essas mesmas pessoas foram ouvidas sem assistência de intérpretes. E eles declararam que sabiam ler e escrever português”, afirmou o advogado de defesa dos acusados pelo crime.
Ujacow também fez questão de protestar pela transferência do julgamento de Mato Grosso do Sul (MS) para São Paulo. “Não existe essa propalada influência dos donos da fazenda sobre todos os jurados de Mato Grosso do Sul”.
O tribunal do juri foi transferido de Dourados (MS) para a capital paulista atendendo a um pedido do Ministério Público. De acordo com o órgão, o dono da fazenda onde ocorreram os fatos tem grande poder econômico e poderia influenciar jurados e testemunhas. Além disso, o MPF afirma que existe em Mato Grosso do Sul um preconceito contra os indígenas, dentro de um universo cultural controverso.
O crime ocorreu em janeiro de 2003, no município de Juti, em Mato Grosso do Sul. Segundo o MPF, a morte do cacique Veron foi consequência de uma série de ataques ao longo de dois dias contra os índios que estavam acampados na Faazenda Brasília do Sul, reivindicada como Terra Indígena Takuara. Os ataques teriam sido feitos por seguranças da fazenda para remover os índios do local. São acusados pelo homicídio: Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde.
O advogado de defesa demonstrou confiança na absolvição dos réus. “Não há provas concretas nem cabais contra os réus que serão julgados. A acusação se alicerça em ilações e meras conjecturas”, disse.
Já o procurador Gonçalves acredita que o resultado mostrará que para a sociedade brasileira e o resto do mundo que o país não tolera a impunidade. “O que a gente quer mostra é que o Brasil não pode mais ser a terra da impunidade. O Brasil tem que ser a terra dos diretos humanos".
Fontes: Última Instância
Agência Brasil
folhaverdenews.blogspot.com
Talvez, com o julgamento sendo feito em São Paulo o caso possa vir a ser melhor esclarecido e a população informada, de toda forma, uma situação de gravidade, ainda passando em branco na grande mídia.
ResponderExcluirO júri popular dos três acusados de matar o cacique guarani-kaiowá Marcos Veron, no interior de Mato Grosso do Sul, já começou por volta das 12h30 desta segunda-feira (21/2), no Fórum Federal Criminal Ministro Jarbas Nobre, em São Paulo. A sessão será presidida pela juíza federal Paula Mantovani Avelino. A informação é do site de notícias jurídicas http://ultimainstancia.uol.com.br cobrindo o julgamento.
ResponderExcluirAtua como defensor dos réus o advogado Josefino Ujacow. Eles são acusados de homicídio qualificado (motivo torpe e cruel). O corpo de jurados será formado por seis homens e uma mulher. Neste momento acontece a leitura das peças do caso, conforme combinado entre as partes. O depoimento das testemunhas do caso, que começaria hoje, deverá ser adiado, já que eles perderam o voo partindo do Mato Grosso do Sul e só devem chegar a São Paulo no fim da tarde.
Na acusação, estarão presentes quatro procuradores: o procurador regional da República da 3ª Região Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, o procurador da República em Mato Grosso do Sul Marco Antônio Delfino de Almeida e os procuradores da República em São Paulo Rodrigo de Grandis e Marta Pinheiro de Oliveira Sena.
O caso foi transferido de Mato Grosso do Sul para São Paulo a pedido do MPF por dúvida quanto à isenção dos jurados locais. Os crimes tiveram repercussão internacional, pois se tratou do assassinato de uma reconhecida liderança indígena Guarani-Kaiowa, que lutava pelo direito de seu povo à terra ancestralmente ocupada.