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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

AS ALGAS QUE ERAM BENÉFICAS PARA A ECOLOGIA AGORA COM TODA A POLUIÇÃO ESTÃO INVIABILIZANDO A PESCA E O ATÉ ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM ALGUMAS REGIÕES DO VELHO CHICO NO NORDESTE DO PAÍS

A proliferação destas plantas aquáticas já está hoje em dia ameaçando a vida no rio São Francisco em Alagoas com excesso de algas e pouca água limpa 



 No São Francisco em Alagoas excesso de algas...



...já prejudica a pesca e o abastecimento de água


"Quando o ambiente está equilibrado, as algas ocorrem em menor proporção e não causam problemas ao ecossistema, inclusive são importantes na filtragem de nutrientes, servindo de alimento para várias espécies, atuando na fotossíntese e servindo também de abrigo para desova de espécies de peixes e crustáceos", explica Emerson Soares, pesquisador nordestino, um dos entrevistados pela repórter Raíssa França, da BBC News.  A gente recebeu por e-mail do blog de Adalberto Gomes (confira o vídeo postado aqui em nossa webpágina) esta matéria que mostra a proliferação acelerada de plantas aquáticas em algumas áreas no rio São Francisco, algo que já está surpreendendo e preocupando ambientalistas e pesquisadores no Nordeste do Brasil. A grande quantidade de algas, em especial elódeas e aguapés (respectivamente dos gêneros elodea e eichhornia), ocorre basicamente por conta do despejo de esgoto e produtos químicos no rio. Alguns cientistas que analisaram estas águas afirmaram que não é possível saber exatamente quando essas plantas surgiram no rio, mas que elas se alastraram de forma rápida demais e excessiva por conta da contaminação e da diminuição da vazão: "Essas plantas já estão há bastante tempo no São Francisco, mas agora estão descontroladas", alerta o coordenador da Expedição do São Francisco e vice-coordenador do Comitê Científico de Bacias Hidrográficas do Nordeste, Emerson Soares. Segundo ele, esse aumento é resultado do acúmulo de poluentes, fertilizantes, agrotóxicos e esgoto doméstico.


Pesquisadores alertam que é preciso mais estudos e medidas urgentes...

...para conter a overdose de algas, como por exemplo o saneamento básico nas cidades da região


Excesso de algas e pouca água -  Uma tal overdose destas plantas aquáticas trazem problemas para a água que será utilizada para abastecimento e matar a sede de animais, tornando-a imprópria para consumo também da população de centenas de cidades da região. O excesso das plantas já causa problemas a quem navega nas águas, a pescadores e afeta o abastecimento de água em Alagoas. O rio São Francisco é considerado fundamental para os nordestinos. Sem ele, milhões de pessoas ficariam sem fonte de abastecimento hídrico. O Velho Chico corta 507 municípios, de Minas Gerais a Alagoas. A área afetada pela proliferação das plantas é a região conhecida como baixo São Francisco, que vai de Paulo Afonso na Bahia até a foz, em Alagoas, com um total 214 km de extensão. Nesta semana passada, a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) perdeu uma das duas bombas que fazem abastecimento da Bacia Leiteira, em Pão de Açúcar. Ela queimou devido ao grande número de algas tipo elódeas. O abastecimento humano em 19 municípios já foi comprometido. O coordenador desta companhia, Erickson Dantas, informa que a empresa está preocupada com as plantas, já que a quebra do motor comprometeu 50% do fornecimento. Ao todo, segundo ele, o suprimento total chega a 200 mil pessoas no sertão alagoano: "Nós temos o maior sistema coletivo do Estado, mas há apenas um ponto de captação para abastecer todos estes municípios. Se a captação para, o abastecimento também é paralisado".tirar plantas do rio
Barqueiros têm sido contratados para retirar algas...

 ...que no entanto reaparecem no dia seguinte

Dezenas e até centenas de municípios alagoanos podem ficar sem água, alerta Erickson Dantas: "De uns dias pra cá estamos tendo obstruções. Percebemos que a Chesf (companhia de eletricidade) está liberando mais água (das represas), e isso faz com que as plantas aquáticas, que ficam acima da captação, desçam. Já chegamos a precisae de parar três vezes para fazer a intervenção e fazer a limpeza". A vazão da hidrelétrica reduz ou aumenta de acordo com a quantidade de água armazenada nos reservatórios de Três Marias (MG), Sobradinho (BA) e Itaparica (BA/PE). Desde 2012, com as reiteradas estiagens, a vazão passou por uma série de reduções a fim de garantir que nenhum deles chegasse ao volume morto, o que causaria problemas na geração de energia elétrica. Para amenizar o problema, pescadores da região foram contratados para retirar as plantas do local. Entretanto, um dia após a limpeza, as plantas ressurgiram. "Já aconteceu de cancelarmos a cobrança aos usuários porque não conseguimos abastecer uma cidade por esse problema. Ou seja, são muitos prejuízos causados", admite o técnico Érick Dantas, que comentou ainda que a Casal agora tem um plano para fazer a contenção do excesso de plantas como estas algas, para que não se aproximem das bombas. Mas isso vai demorar, ainda é preciso que exista um estudo. Outro problema é a pouca quantidade e a baixa qualidade da água por ali. 
Despoluição das águas e controle das algas estão entre as medidas indicadas por pesquisadores

Urgentes saneamento e revitalização das águas do São Francisco - A bióloga marinha e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Élica Guedes, explica que um dos fatores que está causando a proliferação é a mudança dos padrões físico-químicos da água. A preocupação da especialista é com a sua qualidade: "O desenvolvimento em excesso (das algas) influencia também na qualidade da água. Elas tendem a retirar oxigênio no seu processo de desenvolvimento, e isso afeta o desenvolvimento de outros organismos presentes na água: microalgas, zooplancton, peixes, complicando mais a situação". Para minimizar o problema, a bióloga esclarece que é preciso evitar derramamento de produtos químicos na água, que tem origem em vários pontos. "Um deles são as plantações nas margens dos rios que utilizam agrotóxicos e são lançados na água. Até mesmo máquinas das usinas que utilizam óleos para o funcionamento também geram resíduos e poluição, além do esgoto sem tratamento das cidades". 



Agrotóxicos em plantações nas margens também...

 ...ajudam a proliferação de algas que mudam a cor das águas do Velho Chico por ali...




(Confira mais informações na seção de comentários deste blog da gente, dê uma olhada também no vídeo que o blogueiro ecologista de Alagoas Adalberto Gomes nos enviou, OK?)



...além do excesso de algas, agrotóxicos e...

...pouca água, poucos peixes...


Fontes: BBC - folhaverdenews.blogspot.com


9 comentários:

  1. Aguarde e venha conferir por aqui nesta seção, mais tarde, mais dados sobre algas no Rio São Francisco em Alagoas, bem como outras informações relacionadas.

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  2. Você pode postar aqui a sua opinião ou se preferir, envie o seu conteúdo (texto, foto, vídeo, pesquisa, notícia) diretamente pro e-mail do editor deste blog de ecologia e de cidadania, mais tarde divulgamos aqui nesta seção, mande já a sua mensagem para padinhafranca603@gmail.com

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  3. "Excesso de algas e pouca água, poucos peixes, essa situação mostrada aqui no São Francisco em Alagoas está aumentando em tudo quanto é rio e lugar": comentário de José Geraldo, pescador, que tem observado este fato até no Pantanal.

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  4. "O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, tem detectado este problema e até tomando algumas medidas para atenuar, mas é urgente saneamento básico também em toda a região. Uma das medidas tem sido a retirada das plantas do ponto de captação da água para o abastecimento": comentário de Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

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  5. "O quadro está cada vez mais crítico, outras medidas precisam ser adotadas seja pelos municípios ou pelos órgãos ambientais de Sergipe e Alagoas": comentário também de Anivaldo Miranda.

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  6. "Uma solução definitiva só será alcançada com a construção de redes de coleta e tratamento de esgoto de todas as cidades ribeirinhas, além da recomposição das matas ciliares. Hoje, a maioria das cidades na beira do São Francisco joga seus esgotos no rio sem tratamento e não é só por aqui entre Alagoas e Sergipe, por todo o país": comentário de Mário Bruno Oliveira, pesquisador formado pela UFMG.

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  7. "O Comitê já faz a sua parte: entregou a todas as prefeituras ribeirinhas do baixo São Francisco os seus respectivos planos municipais de saneamento, que configuram o primeiro passo para que possam se candidatar a receber recursos federais para obras. Só o governo federal é quem tem escala de recursos para fazer os projetos e as obras de saneamento, principalmente a coleta e tratamento dos esgotos": comentário de Anivaldo Miranda na BBC News, ele que preside o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

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  8. "Navego nesse rio há décadas e é evidente o aumento no número de plantas aquáticas nos últimos meses. Elas enrolam nas hélices e nos obrigam a ter que fazer uma limpeza, travam até o motor, vou acabar impedindo a navegação": comentário de Antonio Jackson Borges, que é ligado a um grupo ambientalista no São Francisco.

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  9. "A pesca do povo ribeirinho também fica prejudicada está cada vez mais prejudicada, já que as redes ficam mais pesadas. As baronesas estão com um processo de proliferação muito rápido e até assustador. Em Paulo Afonso, na prainha, simplesmente ninguém nem vê a água, totalmente coberta por essa espécie de alga, que reduziu a produção pesqueira de 400 toneladas para 200": comentário também do ambientalista Antônio Jackson Borges, que nos enviou algumas fotos, a gente agradece, paz aí na luta.

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